Entrevista

Música
Virgem Suta e a importância de ser português

interior.jpgJorge Benvinda e Nuno Figueiredo são os elementos da banda portuguesa Virgem Suta. A aproveitar os concertos de Verão para promover o primeiro álbum, o trabalho homónimo, Virgem Suta, a banda prepara um segundo álbum para a Primavera do próximo ano. Com uma sonoridade que vai da música popular ao pop-rock, o primeiro trabalho discográfico inclui o single Linhas Cruzadas, que contou com a participação de Manuela Azevedo, a vocalista dos Clã.

Estão na estrada a promover o vosso primeiro registo, que já teve algumas reedições. É fácil construir um alinhamento com apenas um trabalho?

É, porque estamos sempre a reinventá-lo. Ao fim de algum tempo, as músicas tomam outro corpo, outra energia. Conseguimos moldá-las à actualidade, fazer com que tenham uma dinâmica superior. Conseguimos construir novos alinhamentos, incluindo também algumas versões que gostamos. Não sentimos que seja uma repetição, mas antes uma reinvenção do nosso trabalho. Estamos sempre a acrescentar alguma coisa, e isso é bom.

  Para os ouvintes que não conhecem a vossa história, como é que surgiu o nome de Virgem Suta?

Este nome surgiu pela identificação de uma expressão que existia em Beja, que é Suta. "Estou com uma grande Suta", significa que estou com uma grande bebedeira, estou completamente exagerado. É o lado mais agressivo. Juntamos o virgem, que é o lado mais parecido aqui com o meu colega Figueiredo. O lado mais näif. Acabamos por ter aqui um Virgem e um Suta, que tentam equilibrar-se na vida e tocar muito juntos.

  As vossas músicas apresentam a fusão da música popular com a sonoridade actual do pop rock. Foi uma divertida mistura?

capa.jpgFoi ao fim e ao cabo aquilo que sempre procuramos, nestes anos todos, e não conseguíamos, de alguma forma, fazê-lo sozinhos. Precisamos da ajuda de um produtor para o fazer. Demorou tempo mas conseguimos encontrá-lo. Foi aquilo que sempre tencionamos fazer: fundir a música de raiz popular portuguesa, que é um bocado influência do Jorge, com a música contemporânea que se faz, anglo-saxónica, que é um bocado mais a minha linguagem. Fundir isto tudo numa linguagem que dissesse alguma coisa, a toda a gente que ouve, e encontrar alguém que percebesse esta linguagem e a materializasse no disco, o Hélder. E mais uma vez é tempo de labuta, em casa, a tentar encontrar este caminho.

O Hélder é um dos músicos bastante credenciados da nossa praça, trata-se um dos elementos dos Clã. Ele teve um papel importante no resultado final do vosso registo?

Foi decisivo. Foi a pessoa que precisávamos para nos encaminhar, de alguma forma, a arranjar uma linha condutora para todo o trabalho que tínhamos definido. Ele conseguiu fazer com que as nossas músicas tivessem um fio condutor, o que há longos anos tentávamos fazer. Com a ajuda dele conseguimos ter um trabalho que está consistente, de uma ponta à outra. As pessoas reconhecem esse trabalho e foi mesmo muito importante para conseguirmos afirmarmo-nos como uma dupla, com alguma coisa para dizer.

A Manuela Azevedo também colaborou numa versão de um dos vossos temas mais conhecidos. O resultado final foi uma agradável surpresa?

Ela é nossa amiga, tal como o Hélder é um amigo. É, ao fim ao cabo, a concretização de mais um sonho. A presença de uma pessoa que é muito nossa amiga, que é muito importante para nós e é uma grande influência. Uma pessoa também bastante crítica em relação ao nosso trabalho e que nos diz muito. A música ganhou mais importância tendo a participação dela. Quando começamos a trabalhar com o Hélder, a Manuela chegou a gravar uma linha de voz com essa canção e ficou muito bonito. Acabou por surgir essa cumplicidade, o desejo de fazer essa canção a meias. É uma honra incrível ter a Manuela Azevedo a cantar connosco. É bom estar com os nossos amigos, estar com o Hélder e a Manuela, e conseguir fazer estas canções com a ajuda deles. Sobretudo, é muito bom tocar e ter amigos.

Depois das reedições do vosso registo de estreia, nesta altura estão já a preparar o vosso segundo trabalho…

É verdade. Estamos a começar a construir um naípe de canções que vão ser certamente o nosso segundo disco. Estamos numa fase mais embrionária de trabalho, a construir alguns temas. Há uma lista que o produtor também já considera com algum interesse. Portanto, acho que vamos conseguir ter um trabalho novo na Primavera, do próximo ano. É para isso que estamos a trabalhar.

É satisfatório para vocês pertencer a uma nova geração de músicos que estão a conseguir atrair cada vez mais público jovem para a música portuguesa?

Claro que sim. Há muito que fazemos música em português, mas o mercado não estava tão disponível, ou as pessoas não estavam com tanta vontade de respirar música portuguesa. Graças a Deus, agora têm vontade de ouvir música portuguesa e cantar música em português, independentemente de todas as línguas que existem e nas quais se continua a fazer música. Ainda bem que a malta gosta de ouvir a nossa própria língua.

Conseguiram entrar com o pé direito na vossa carreira, dado que obtiveram um contracto discográfico com a Universal, a maior multinacional a nível mundial, que vos ajudou no arranque da carreira?

Foi muito importante sentir que tínhamos uma editora grande por detrás, que nos deu  apoio desde o início, e nos continua a apoiar, já lá vão dois anos. Eles sentem que somos uma banda que tem uma oportunidade neste mercado. Desde o início que foi a escolha que nos pareceu mais interessante, até pelo apoio que pensavam dar à criação portuguesa, e isso foi decisivo. Sentimos que eles estavam interessados em apoiar o trabalho de uma banda que estava a crescer de raiz e pretendia fazer uma carreira. É muito importante termos os melhores a trabalhar connosco.

  As rádios portuguesas apoiaram com muito airplay os vosso singles…

É verdade. Nomeadamente a partir de "Linhas Cruzadas", o single que surgiu depois com a Manuela Azevedo. Iniciamos com  "Tomo Conta desta tua Casa", uma música para um nicho mais pequeno de ouvintes, mas depois com o "Linhas Cruzadas" isto espalhou-se e sentimos que a banda cresceu a partir daí. Todas as rádios nos apoiaram, mesmo as mais pequenas. É importante o apoio que as rádios locais dão às bandas. Tem influência nomeadamente nos concertos. O apoio das rádios locais espelha-se depois na assistência que temos nos concertos.

 
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO