Entrevista

Sorte Grande de João Só
João Só sem abandonados

João Só- Foto1 cópia.jpgComo é que começa o seu percurso na música?

Eu sempre toquei. Comecei a fazer canções aos 15 anos, tive as primeiras bandas, que não resultaram. Depois fui para a Valentim de Carvalho. O meu primeiro disco, com os Abandonados, saiu em 2009. Os Abandonados são uma entidade, mais ou menos, abstracta. Hoje em dia, não está nenhum "abandonado" comigo, que estava no princípio. São músicos contratados que têm outros projectos e então vai-se mudado. Mas tudo muito tranquilo. Lançamos o disco Ela Só, em 2011, e agora foi reeditado este single Sorte Grande, com a Lúcia Moniz. Foi uma boa oportunidade de trabalharmos juntos. Já tinha trabalhado anteriormente no disco dela, tinha feito umas letras. Foi uma coisa que fluiu naturalmente e correu muito bem. Estou muito contente com o resultado.

Foi uma surpresa o feed-back tão positivo e rápido, após o vídeo chegar à Internet e sobretudo às rádios?

É sempre uma surpresa. Apesar de haver algumas canções que se consegue prever, que as pessoas possam gostar mais, que de outras. Neste caso foi uma surpresa muito boa. A reacção das pessoas nos concertos tem sido fantástica. Temos tido mais espectáculos. Tenho estado com uma agenda absolutamente louca, a promover este single. Estou muito contente por as pessoas gostarem desta música, que a mim me diz muito. Era das canções mais fortes do disco e fico contente que as pessoas gostem das mesmas músicas que eu, o que, às vezes, pode não acontecer. Cada vez que toco a música gosto ainda mais. Temos várias versões também em acústico e vários concertos. Vai ser muito giro trabalhar neste disco e estas novas versões.

É caso para dizer, pegando no título do tema, foi a "Sorte Grande" regravar este tema e o sucesso deste single ter dado ainda mais visibilidade à sua carreira e origem a mais espectáculos para este verão de 2012...

Exactamente. Tive muita sorte. Na minha vida profissional trabalho sempre na música 24 horas por dia. Produzo bastantes discos, estou o tempo todo a gravar em estúdio, com outros artistas. Faço muitas canções para outras pessoas e para mim. É uma grande alegria poder estar agora mais concentrado no meu trabalho como artista, compositor e cantor em nome próprio. Tem sido uma grande alegria. Já alguns anos que ando nesta luta e agora finalmente começa a dar os frutos mais visíveis.

Esses frutos poderão ter haver com o Know-how adquirido com a experiência de estúdio e as parcerias dos últimos anos?

Estas coisas acontecem quando as pessoas têm trabalho para trás. Foi o que aconteceu com a Sorte Grande. As pessoas foram ver Sorte Grande, na Internet, gostaram e viram as minhas outras músicas como Meu Bem e A Marte. Associaram e perceberam que era tudo da mesma pessoa. As pessoas gostarem de João Só, João Só e os Abandonados e dos vários projectos em que estive, pela diversidade do material que tem sido feito. Isso é uma coisa que vou sempre querer manter na minha carreira: gravar muitas canções, ter um repertório diverso, para poder agradar ao máximo número de pessoas, sem me desagradar a mim próprio.

A Lúcia Moniz é a mais recente convidada para colaborar no seu trabalho. No passado, outros nomes bem conhecidos da música portuguesa já o fizeram, como foi o caso do Mendes, dos "Azeitonas". Para si torna-se mais agradável o trabalho na música com uma parceria?

Sim. Aprende-se sempre muito. Na minha curta experiência de vida sempre fiz canções sozinho. O Mendes foi a primeira pessoa com quem trabalhei e reparti a função de compor e acho que correu muito bem. A mim disseram-me para descer à terra, ouvir muitas pessoas, aprender. Trabalhar com outras pessoas tem sido uma grande mais valia. Tem sido bem feito a nível de intervalos de tempo. Agora estou numa fase que tenho este single com a Lúcia, a dar concertos em nome próprio. Não sei quando será a próxima parceria, mas haverá de certeza. Pois, gosto muito de cantar e tocar com outras pessoas.

João Só - Foto 2 cópia.jpgO disco que gravou com o Mendes ainda está disponível para download legal, na Internet. Esse tipo de iniciativas são extremamente úteis para dar visibilidade e promover os artistas portugueses?

Mais que úteis são necessários. No caso do Mendes e João Só na minha cabeça só fazia sentido dar às pessoas uma coisa nova, que não desse muito trabalho e que fosse reconfortante, bem disposta. Tivemos a resposta do Henrique Amaro na altura e correu muito bem. Em conversa recente com o Mendes colocamos a hipótese de daqui a um ou dois anos retomarmos o projecto. Vai ser muito positivo se assim o fizermos.

Este mais recente single está disponível no iTunes. No futuro, o comércio vai cada vez mais passar pela via digital?

Sorte Grande tem sido a grande prova disso. Os discos em Portugal não vendem muito e Sorte Grande está a vender muito bem, tem estado sempre no top do iTunes e nas outras plataformas. Isso prova que talvez o futuro passe pelo digital. O disco vai ser reeditado em breve, com Sorte Grande como single. O disco é capaz de ter alguma procura. Mas, penso que o digital é o futuro. Apesar de me entristecer um bocadinho, porque gosto muito de comprar discos.

Nesta altura já está a preparar mais originais para o terceiro disco?

Sim. O próximo disco já está todo composto. Agora é uma questão de a seu tempo gravar e ver quando sai. Mas não tenho pressa.

Para si a composição é algo natural? As letras podem surgir a qualquer momento?

É muito natural e sobretudo costumo escrever muito rápido. Quando as canções não são boas, não me lembro delas no dia a seguir ou umas horas depois. Normalmente, deixo-as de lado. Às vezes, há uma ideia boa ou outra que fica. Mas, quando não são boas, nem perco muito tempo com isso. É uma coisa muito natural, não sei de onde vem, mas vem com bastante frequência.

No seu dia a dia está em estúdio a trabalhar com outros artistas, como produtor. Como é que está a assistir à actualidade dos novos grupos que estão a surgir na música portuguesa?

Assisto com muita alegria. Os vários trabalhos que tenho feito como produtor têm sido todos muito diferentes e têm corrido todos muito bem. É giro ver a postura de cada artista, de idades diferentes, e de árias diferente. Dá-me muito gozo trabalhar em estúdio e fazer arranjos. Ajudar esses artistas que me contratam e convidam a tirar o melhor de si, para os discos.

Hugo Rafael
Texto: Eugénia Sousa
eugenia@rvj.pt
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