Entrevista

D.A.M.A
«Vamos reinventarmo-nos sem perder a identidade»

dama3.jpgOs D.A.M.A são uma das grandes novidades da música portuguesa. Oriundos de Lisboa, apresentam canções contagiantes e espetáculos ao vivo cheios de energia. Com novo álbum a caminho, prometem reinventar-se sem perder a identidade.

Os D.A.M.A têm percorrido todo o país em concertos. Imagino que esteja a ser um ano ao mesmo tempo desgastante e gratificante.

Sem dúvida. São 170 datas durante o ano, que é um pouco desgastante. Mas, como costumamos dizer, quem corre por gosto cansa-se menos. Todo o cansaço passa quando subimos ao palco e vemos as pessoas à espera para nos ver.

Qual é a história por detrás do vosso nome?

Os D.A.M.A (sigla para a expressão Deixa-me Aclarar-te a Mente, Amigo) são constituídos por Francisco Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho. Eu (Miguel Coimbra) e o Francisco andámos na mesma turma desde a primária até ao secundário. Quando surgiu o hip hop nacional, ganhámos o hábito de escrever as composições em verso. Com o tempo, decidimos dar música às composições que fazíamos. Foi um "hobby" que nos acompanhou até conseguirmos fazer disto a nossa vida profissional. Entretanto, surgiu o Miguel Cristovinho que se juntou à banda.

Uma das grandes plataformas iniciais de divulgação dos vossos temas foi a internet.

Sim, a internet é hoje em dia um recurso muito útil para os artistas chegarem rapidamente às pessoas. Claro que há todo um trabalho que está por trás. Um "like" vale o que vale. Nós queremos é estar em cima do palco e olhar o público nos olhos, sentir que as pessoas fazem das nossas músicas, músicas delas.

O vosso disco tem várias colaborações. Como aconteceram?

Não pensamos primeiramente nos artistas, mas sim nas músicas. Se a música precisar de algo que nós não conseguimos dar, vamos à procura de um artista. Foi o que aconteceu com os convidados do primeiro álbum e é o que acontece no próximo.

Num curto espaço de tempo o vosso coletivo virou um verdadeiro fenómeno popularidade. Foi uma surpresa?

Foi. Nós sabemos que o sucesso não é garantido. Temos de ter os pés bem assentes na terra, para não nos deixarmos deslumbrar. O sucesso é uma coisa muito difícil de prever. Tivemos a sorte das pessoas terem gostado das músicas que fizemos. Acima de tudo pensamos na música.

O segundo disco sai no dia 9 de outubro. O cartão-de-visita, «Não dá», já é conhecido. Em termos de sonoridade poderão surgir surpresas?

Vão haver surpresas. Desta vez pensámos não tanto num álbum como um todo, mas em cada música por si. Vamos ter diversos estilos de música. Vamos puxar pela parte acústica, pelo lado eletrónico, música mais rock, canções com ritmos angolanos. Mas não se vai perder a essência dos D.A.M.A. Vamos reinventarmo-nos sem perder a identidade.

dama1.jpgEm que estado está o álbum?

Está todo gravado. Fizemos o álbum quase todo na estrada, por isso, gravar foi um enorme desafio. Mas o facto de estarmos sempre num ambiente de música ajudou a que conseguíssemos compor mais e mais músicas. Estamos muito satisfeitos com o trabalhamos que realizámos.

A componente eletrónica e os ritmos mais dançáveis são um caminho que gostariam de percorrer?

Se a música nos puxar para esse tipo de ambiente, não vejo porque não. Temos algumas músicas que dão para dançar.

Gostariam de traduzir os vossos singles para inglês para tentar a vossa sorte além-fronteiras?

Mesmo se atuarmos noutros países, vamos cantar na nossa língua. É a língua que dominamos, é a língua que sentimos. Acreditamos que os artistas portugueses que cantam em inglês sentem em inglês e é assim que a música é verdadeira para eles.

O território nacional está conquistado. Têm solicitações para atuações no estrangeiro?

Foi tudo muito rápido. Queremos construir o nosso futuro em Portugal com bases sólidas. É aqui que queremos ter uma posição cimentada, embora já tenham surgido convites para atuar noutros países. Repare-se que os D.A.M.A já existem há quase 10 anos, mas só agora estamos a chegar verdadeiramente ao panorama nacional.

Hugo Rafael - Rádio Condestável
Texto: Tiago Carvalho
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