Entrevista

Alberto Índio em Entrevista
Batalhar pelos sonhos é a verdadeira escola

Alberto Índio

Alberto Índio começou em força a trilhar o seu caminho no panorama musical português. Há apenas um mês, em Março, lançou o primeiro trabalho discográfico Sinceramente e o tema de apresentação com o nome do álbum já integra o Top Ten Nacional, é um êxito de airplay nas rádios e de visualizações no Youtube. O músico que espera partir em breve para a estrada divulgar o trabalho em concertos afirma ser anti-concursos musicais e não acreditar na fama fácil mas sim em projectos consolidados.

A primeira rampa de lançamento deste primeiro registo o tema Podes Ser Tu esteve incluído na banda sonora de uma conhecida novela da TVI. Foi uma excelente montra para dar a conhecer aos portugueses a sua música?

O tema Podes Ser Tu ser escolhido para integrar a banda sonora da novela Mar de Paixão é para mim um privilégio. A rádio também tem um papel fundamental na divulgação bem como a televisão. Não deixa de ser curioso a primeira música ter aparecido através de uma novela e as pessoas não saberem quem é que estava a cantar aquela música, não saberem quem é o Alberto Índio. Na banda sonora nem sequer referem de quem é o tema. A música está ali, entra pela casa das pessoas, um dia mais tarde elas voltam a ouvir o tema e é familiar. É uma rampa de lançamento importante.

O tema Sinceramente é um dos temas mais rodados nas rádios nos últimos meses. É uma enorme surpresa o Airplay conseguido com este single?

Soube há pouco tempo que a canção Sinceramente estava posicionada em sétimo lugar do Airplay nacional . É um privilégio uma canção do meu disco de estreia estar no Top Ten. Olho para os nomes que fazem parte desse Top Ten e são nomes que tenho sempre como as grandes estrelas da música portuguesa. Ver o meu nome lá no meio até é um bocado assustador. Não estava minimamente à espera da maneira como as rádios abraçaram a canção e a ter resultados dia após dia cada vez mais surpreendentes. Tenho muito orgulho nisso.

Numa conhecida plataforma de vídeos da Internet está disponível o single Sinceramente, que já ultrapassou as 114 000 visualizações, com imensos comentários bastante positivos. É gratificante reparar nestes detalhes?

Faço questão de sempre que posso responder aos elogios e às mensagens que me deixam. Só não o faço mais vezes porque os dias deveriam ter mais horas. As 114 000 mil visualizações que o vídeo tem no Youtube é a prova de que há pessoas lá vão ouvir a música e querem conhecer quem canta aquela canção. Via rádio não tem acesso à imagem, não sabem se é loiro, se tem olhos azuis, se é gordo, é magro, se é baixo, ou é alto. No Youtube têm a possibilidade de conhecer um bocadinho da pessoa que canta aquela canção que elas já andam no carro a cantarolar. A Internet é um veículo de promoção de qualquer obra que se faça.

Apesar do actual cenário de crise há muita força e muita vontade para impor o seu projecto na estrada e sobretudo na música portuguesa?

Sim. Foi uma espera natural mas levou muito tempo a sair este disco e escolhi logo o ano da crise, em que toda a gente está em casa, cheia de medo da queda do governo, da vinda do FMI e daquelas coisas todas que as nossas televisões nos encharcam. Mas se em ano de crise as pessoas que são empreendedoras se retraírem e não fizerem coisas, quer na música, quer noutras coisas, então é que o nosso país não vai para a frente. É um bocado acertar na "Mouche". O disco saiu no dia 23 de Março, no dia em que Sócrates se demitiu. Isto também é um prenúncio de alguma coisa. As pessoas vão procurar alegria e boas energias à música. Em todos os países do mundo onde a desgraça acontece, as pessoas também têm de se divertir. Dou o exemplo do Brasil, é todos os dias festa, todos os dias as pessoas procuram música. Até vai ser bom estar com um espectáculo na estrada em ano de crise e passar às pessoas uma mensagem positiva. É isso que nós precisamos, boas energias e andar para frente.

Nesta semana chegou à imprensa a vontade da RTP criar um canal de música, sobretudo para promover a música em português. Na sua opinião seria uma excelente forma de dar a conhecer os projectos nacionais?

Tudo o que seja mostrar os projectos nacionais é bom. Se a RTP esta a anunciar espero mesmo que seja verdade, que isso aconteça. Desde que seja mesmo mostrar projectos e não concursos. Os concursos são sempre em busca das audiências, tenho dito isto várias vezes mas não me canso de o dizer. Um programa que vá até às salas de ensaio das bandas, tantas bandas há por aí, tantos projectos com qualidade, e mostrar isso às pessoas é espectacular. Quanto aos concursos, sou completamente anti-concursos. São anti-música, pois a música não é uma competição.

Podemos concluir que é anti programas televisivos que procuram novos talentos na música, e da fama de forma repentina e passageira?

Exactamente. Vejo muita gente procurar a fama imediata. Procurar de um dia para o outro aparecer numa capa de uma revista, ou ser convocada para uma entrevista na televisão ou numa revista cor-de-rosa. Há gente que procura a fama imediata e usa a música como uma eventual possibilidade de o fazer e conseguir a suas coisas. A fama vem naturalmente se os trabalhos forem bons, ou forem maus, às vezes também há o reverso. Os concursos trazem a fama imediata. De um dia para o outro são estrelas de televisão e quando acaba foram apenas "pastilhas elásticas" que foram mascadas e deitadas fora. Não têm uma base sólida que lhes permita fazer uma carreira. Deixam de constar no panorama musical. O importante é haver projectos sólidos, consolidados. Batalhar pelos sonhos é a verdadeira escola.

 

 

 

Hugo Rafael/Eugénia Sousa
 
 
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