ESAS
Santarém aposta nas plantas
Cultivar plantas com fins
medicinais ou agroambientais é um filão por explorar em Portugal,
esperando os autores de um livro que reúne os saberes da agronomia
e da farmácia que este potencial passe a ser mais explorado.
"A ideia era facultar aos
agricultores que queiram enveredar pela cultura destas plantas, que
têm um potencial enorme, alguma ferramenta", disse à agência Lusa
Natália Gaspar, docente da Escola Superior Agrária (ESAS), do
Instituto Politécnico de Santarém), que escreveu, juntamente com
António Proença da Cunha e Odete Roque, o livro "Cultura e
Utilização de Plantas Medicinais".
Editado pela Fundação Calouste
Gulbenkian, o livro descreve para cada uma das 60 espécies
referidas aspetos botânicos, ecológicos, farmacológicos e
agronómicos, aborda aspetos relativos ao cultivo, colheita e
processamento, além da distribuição geográfica e da indicação das
partes da planta a utilizar.
"Isto das plantas medicinais é
preciso muito cuidado, porque é preciso conhecer-se bem, já que há
também plantas muito tóxicas e outras com efeitos secundários a
longo prazo", sublinhou. A necessidade de reunir informação que
estava dispersa e sistematizar os conhecimentos existentes nesta
área surgiu quando a ESAS iniciou o mestrado de produção de plantas
medicinais, disse Natália Gaspar, referindo que o livro indica os
nomes comuns das plantas usados tanto em Portugal como no Brasil,
país com muita tradição nesta área e onde António Proença da Cunha
tem "grande implantação".
Além do uso na medicina humana e
animal, Natália Gaspar referiu as potencialidades de muitas plantas
como biopesticidas, como conservantes pós colheita ou ainda como
condimentos ou aromatizantes.
"A União Europeia tem proibido uma série de aditivos químicos que
têm que ser substituídos e as plantas medicinais são a nossa
ferramenta de trabalho", afirmou, sublinhando o seu papel na
agricultura biológica e de produção integrada. Para a
investigadora, é importante promover a cultura destas plantas para
travar a prática comum de colheita na natureza, com risco de
"delapidação do nosso património".
Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico