Universidade de Coimbra
Crianças hiperativas: Investigação da UC conclui que a cafeína apresenta benefícios
A administração de cafeína, em
doses equivalentes a 3 ou quatro chávenas de café por dia, controla
o défice de atenção e hiperatividade sem causar efeitos
secundários, nomeadamente dependência, como acontece com a ritalina
- o fármaco derivado da anfetamina utlizado atualmente para
controlar a patologia, conclui um estudo realizado por uma equipa
de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e Centro de
Neurociências (CNC), liderada por Rodrigo Cunha.
A pesquisa, desenvolvida ao longo
dos últimos três anos em modelos animais (ratos), além de
demonstrar que a cafeína é benéfica porque restabelece a função da
dopamina enquanto neurotransmissor do cérebro (com um papel muito
importante no comportamento e cognição), permitiu também evidenciar
diversas modificações que ocorrem no cérebro em situações de défice
de atenção e hiperatividade.
Questionado se as crianças com
défice de atenção e hiperatividade devem, então, passar a consumir
café, o também docente da Faculdade de Medicina (FMUC), nota que «é
seguro afirmar que o consumo de café é benéfico em crianças e
adolescentes, mas a clínica deve obedecer a todo um protocolo. Os
resultados obtidos carecem ainda de ensaios clínicos (a próxima
fase do estudo) e, por isso, não devemos, ainda, recomendar aos
cuidadores de crianças hiperativas a inserção de café na sua
dieta».
As conclusões do estudo, já aceite
para publicação na revista European Neuropsychopharmacology, são
muito promissoras para o «desenvolvimento de uma nova geração de
fármacos muito mais seletivos, ou seja, medicamentos que atuam
apenas no tratamento da défice de atenção e hiperatividade, não
causando os denominados efeitos colaterais ou secundários,
concretamente toxicidade e dependência», realça o investigador
Rodrigo Cunha.