Universidade

Cirurgia da catarata
Técnica inovadora na UBI

Miguel Caixinha.jpgO docente e investigador da Universidade da Beira Interior, Miguel Caixinha, criou um protótipo de um dispositivo médico de apoio à cirurgia da catarata e respetivo diagnóstico, com os riscos para o doente a serem minimizados, num problema de visão que atinge quase metade da população mundial com mais de 65 anos. O desenvolvimento desta técnica resulta da sua tese de Doutoramento, defendida em março na Universidade de Coimbra, que obteve a nota máxima atribuída pela instituição.



Sob o tema "In vivo automatic cataract detection and classification using the ultrasound technique", a tese centra-se no ESUS, protótipo de apoio à cirurgia da catarata. Além de estabelecer um sistema alternativo de classificação automática e objetiva da catarata, faz um diagnóstico precoce. A inovação reside no facto de "conseguir estimar a energia mínima para a facoemulsificação (cirurgia à catarata), dando a informação exata da dureza que o cristalino e a catarata têm, porque quando o cirurgião vai operar, se tiver essa informação pode minimizar os riscos cirúrgicos, que atualmente ainda são consideráveis", explica o investigador.

"Atualmente, ainda não se conhece se o cristalino é duro ou não e se a catarata é dura ou não, e quando se injeta energia de ultrassons ou de lazer a mais, por desconhecimento da dureza da catarata, há a ruptura de uma membrana - a cápsula do cristalino - e a córnea sofre danos irreversíveis, que podem levar à cegueira. Com esta técnica, com esta informação nova no plano cirúrgico, os riscos são minimizados. Conseguimos dizer a um cirurgião qual a energia que deve usar para extrair a catarata, sem danificar mais nada", sublinha Miguel Caixinha.

A catarata ocular carateriza-se pela perda progressiva da transparência do cristalino (lente natural do olho), o que provoca a diminuição da capacidade visual. Podendo afetar um ou ambos os olhos, é frequente desenvolver-se lentamente. Trata-se de um problema de visão que atinge quase metade (cerca de 46 por cento) da população mundial com mais de 65 anos, sendo atualmente a maior causa de cegueira no mundo. Daí que a Organização Mundial de Saúde estime que até 2020, cerca de 40 milhões de pessoas sofram de catarata.



O estudo desenvolvido por Miguel Caixinha já despertou o interesse por parte da indústria, tendo sido registada uma patente internacional. "O interesse da indústria trouxe financiamento para o registo da patente e vai apoiar os próximos estudos clínicos, que estão já a ser submetidos ao Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e à Agência Europeia do Medicamento para fazer a certificação CE (Conformite Europenne).

Rafael Mangana
 
 
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