Primeira coluna
O Superior visto por quem manda
Mais de 600 reitores e presidentes de
institutos politécnicos de todo o mundo reúnem-se, em Salamanca,
nos dias 21 e 22 de maio, numa iniciativa que contará com as
presenças do Rei de Espanha e do Presidente da República
Portuguesa. O Encontro Internacional de Reitores Universia 2018, em
que o Ensino Magazine marca presença, vai debater três eixos chave:
"Formar e aprender num mundo digital", "Investigar na Universidade,
um paradigma em revisão" e "A contribuição da universidade no
desenvolvimento social e territorial".
No evento, que tem o envolvimento do Santander Universidades, vão
estar presentes representantes de 26 países, num momento importante
em que se procura ligar a comunidade académica às empresas,
potenciando programas de empreendedorismo, de bolsas de formação e
emprego, ou desenvolvendo iniciativas de investigação e inovação.
De resto, o inquérito realizado pela agência internacional IPSOS, o
qual envolveu nove mil universitários de 19 países, demonstra essa
necessidade e revela a importância do reforço de parcerias entre as
instituições de ensino superior e o tecido empresarial.
O papel das academias deve também ter em conta os novos contextos
de ensino aprendizagem, sobretudo quando estamos num mundo digital,
em que as novas tecnologias tomaram conta das salas de aula, em que
docentes e alunos devem começar a falar a mesma linguagem, e onde
as vantagens e desvantagens devem ser sempre tidas em conta, com a
certeza de que a revolução digital veio para ficar. No dia a dia
ninguém consegue viver sem os dispositivos móveis, sem o acesso ao
digital. Numa mesa com amigos, em meia hora, quase todos acedem ao
seu smartphone. No café acontece o mesmo. Em todo o lado é assim. A
sociedade muda. E a escola, as universidades e politécnicos devem
acompanhar a mudança, adaptando-se e formando para um futuro no
qual não se sabe quais serão as novas profissões. Mas que
certamente serão diferentes.
António Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, dizia-me há
algum tempo atrás, que há 500 anos, aquando do aparecimento do
livro, o debate era parecido. O ensino consistia na memorização, e
a introdução do livro iria prejudicar a aprendizagem pois
prejudicava essa memorização. Não era bom poder-se ter acesso ao
conhecimento abrindo o livro e consultando-o. Hoje o debate não é
sobre o livro, mas sobre as novas tecnologias. Sobre a sua
utilização ou não na escola, sobre como vai ser a nova escola. E a
nova escola vai ter que integrar as novas tecnologias, os
dispositivos móveis. Alunos e docentes vão ter que conviver com
essa nova realidade de aprender e ensinar.
O Encontro de Salamanca certamente permitirá abordar esta questão
à luz das experiências das diferentes instituições de ensino
superior, do que já foi feito e do que ainda falta fazer. Mas
permitirá também descobrir caminhos nas áreas da investigação, que
fruto da evolução tecnológica e do modo como a comunicação circula,
pode ser mais colaborativa e constitui uma oportunidade para todos
nós, academias e sociedade. Numa outra perspetiva surge o papel que
as universidades e politécnicos devem ter no desenvolvimento social
e territorial. Um tema que exige, em muitos casos, coragem política
de quem governa os países para a adoção de medidas que garantam
esse desenvolvimento numa lógica de coesão territorial. Aquilo que
uma instituição de ensino superior contribui para esse
desenvolvimento é sempre superior ao investimento que os orçamentos
de estado possam fazer. Falamos de qualificação das pessoas, de
crescimento económico e qualidade de vida, mas acima de tudo da
possibilidade de garantir o acesso ao conhecimento a todos quantos
o queiram ter. As realidades são diferentes de país para país, mas
a qualificação das suas gentes será sempre o garante de
desenvolvimento. Hoje não somos cidadãos deste ou daquele
território. Somos cidadãos do mundo e os nossos jovens pensam
assim. Cada vez mais, beneficiam daquilo que as universidades e os
politécnicos lhes garantem no que respeita a programas de
mobilidade internacional (por exemplo na Europa ao abrigo do
Erasmus +), mas também de outros programas privados (como o Banco
Santander que tem mais de 1200 acordos de colaboração com
universidades e instituições académicas de 21 países através do
Santander Universidades).
Também nós no Ensino Magazine procuramos reconhecer o esforço e o
mérito académico, premiando, com bolsas monetárias, os melhores
alunos das academias nossas parceiras, cumprindo também uma das
missões da nossa publicação.
Os dados estão lançados. Os debates e as conclusões deste encontro
certamente contribuirão para a melhoria do ensino superior no mundo
e para a promoção da partilha entre todas as instituições e
reitores presentes. Essa é a nossa expetativa.