Comunicar com pessoas com deficiência
Empatia é essencial
"O
mundo que hoje está adaptado a nós, no futuro pode não estar e, por
isso, devemos trabalhar para um mundo que seja de todos", defendeu
Inês Soares, psicóloga clínica na Associação Portuguesa de Pais e
Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) da Covilhã, durante a
palestra 'Comunicação com pessoas com deficiência', que aconteceu
no dia 4 de abril, na Faculdade de Ciências da Saúde da
Universidade da Beira Interior.
Inserida na XI Edição do Hospital Faz de Conta (HFC),
um dos maiores projetos do Núcleo de Estudantes de Medicina
(MedUBI), a iniciativa visou esclarecer os presentes sobre a melhor
forma de evitar erros quando se comunica com pessoas com
deficiência. Na sessão estiveram também presentes duas utentes da
APPACDM, Inês e Sílvia, que intervieram durante a palestra para
darem exemplos de situações que viveram e onde as atitudes por
parte de outros não foram as mais adequadas.
"Existem medos completamente absurdos, resultantes de
uma má comunicação ou de uma má explicação", explicou a psicóloga
Inês Soares, quando clarificava os modos de atuação corretos para
se interagir com pessoas com deficiência. "A deficiência é vista
como um fenómeno social", referiu, explicando que existem várias
"barreiras que limitam a integração destas pessoas na
sociedade".
"O meu
sonho é ser professora e ser igual aos outros", declarou Sílvia,
portadora de uma doença neuro-degenerativa. Antes de ir para a
APPACDM "andava em casa, de joelhos". Hoje, apesar de a doença se
ter agravado, Sílvia melhorou em muitos outros aspetos. Consegue
andar em pé e está a concluir o 9º ano de escolaridade. "As
barreiras são menores e a Sílvia consegue ter hoje mais
competências do que tinha quando a doença estava no início",
explicou a psicóloga Inês Soares.
A
psicóloga clínica descreveu como é trabalhar diariamente com a
deficiência, acompanhando os utentes em diversas atividades, como
ir ao médico ou ao dentista. E explicou que "para além da doença, é
preciso conhecer os seus gostos e a sua maneira de ser e é aí que
está a chave para a comunicação". Inês Soares considera que a
empatia é o fator essencial e que "o impacto daquilo que dizemos
num determinado dia pode fazer toda a diferença na vida daquela
pessoa", para melhor ou para pior.