Compreensão do autismo
Minho dá contributo
Uma investigadora da Universidade do Minho está a
estudar se o autismo é influenciado por alterações na parte
sensorial do cérebro, impedindo a interação social e com o
ambiente. O objetivo é perceber os circuitos neuronais por detrás
dos comportamentos associados a este distúrbio, que afeta 70
milhões de pessoas no mundo e uma em cada mil crianças em
Portugal.
A cientista vai avaliar o registo
cerebral de ratinhos modelo de autismo, nomeadamente na zona do
córtex sensorial, que está ligada aos estímulos auditivos, visuais
e táteis, permitindo a perceção do mundo. "Queremos perceber porque
é que as pessoas com esta perturbação veem o mundo de forma
diferente. A origem do autismo ainda não é conhecida, mas terá
várias causas associadas", explica Patrícia Monteiro, que já
publicou em revistas ímpares como a 'Science', 'Nature' ou
'Neuron'.
Através da sua investigação
descobriu que é possível reverter alguns comportamentos ligados ao
autismo na idade adulta, como o défice de interação social e os
movimentos repetitivos. Para aí chegar, identificou uma associação
entre o espectro do autismo e o gene Shank3. Este gene liberta uma
proteína com o mesmo nome, que facilita a comunicação entre
neurónios. Quando o Shank3 sofre mutações, dificulta essa
comunicação, provocando alterações do comportamento. Há 1% de
autistas que nascem com esse gene "adormecido".
Patrícia Monteiro demonstrou que se
pode "ligar" e "desligar" a proteína em ratinhos com esta mutação,
corrigindo o gene. E se a correção do gene for feita em tenra
idade, pode-se também reverter a ansiedade e a coordenação motora.
Ou seja, quando mais cedo for a deteção, mais características
sociais, comportamentai se comunicacionais se pode recuperar. O
objetivo é que estas experiências possam ser aplicadas a humanos
num futuro próximo.