Primeira Coluna
O Ensino Superior como meio de coesão
A importância das instituições de
ensino superior no desenvolvimento e na competitividade das regiões
em que estão inseridas, vai muito para além da formação ministrada
e da qualificação dos seus diplomados. A fixação de quadros, as
dinâmicas de empreendedorismo e a consequente criação de empresas,
o dinamismo cultural, a transformação das cidades em espaços
cosmopolitas (e agora com o estatuto do estudante internacional,
são cada vez mais os jovens estrangeiros, sobretudo da lusofonia,
que procuram universidades e politécnicos portugueses) e a dinâmica
económica são fatores que o país deve saber valorizar e
reforçar.
O Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) apresentou recentemente
um estudo em que demonstra a importância dos politécnicos nas
regiões em que estão inseridos. As instituições avaliadas, por cada
euro investido pelo Orçamento de Estado, geram na economia até
cinco euros. Verifica-se também que são essas instituições
responsáveis por uma percentagem elevada do Produto Interno Bruto
registado nas regiões em que estão inseridas, sendo ainda os
principais empregadores.
Neste estudo foi incluída a
generalidade dos institutos politécnicos da rede pública (com
exceção dos Politécnicos do Porto, Coimbra e Lisboa), num total de
12 instituições. Destes, quatro localizam-se na zona litoral (Viana
do Castelo, Barcelos, Leiria e Setúbal), três no Centro do país
(Viseu, Tomar e Santarém) e cinco no interior (Bragança, Guarda,
Castelo Branco, Portalegre e Beja).
Os dados revelam bem a importância
destas instituições para o país, pela democratização do acesso ao
conhecimento, pela dinamização da economia, pela qualificação dos
portugueses e pela autoestima do país e das suas diferentes
regiões.
Também as universidades públicas
portuguesas são um fator de desenvolvimento, geradoras de riqueza e
de inovação, fazendo parte de uma rede de ensino superior que tem
bons exemplos de como são importantes para a coesão territorial.
Universidades como a Beira Interior, Évora ou Trás-os-Montes e Alto
Douro criam oportunidades no interior do país, estabelecem pontes
com a lusofonia, formam e fixam quadros nas regiões em que estão
inseridas. E o ensino superior deve ser também isso, sendo que cada
instituição deve apostar em áreas chave, diferenciadoras.
A rede de ensino superior em
Portugal não tem instituições de ensino a mais. Todas são poucas
para qualificar o que é preciso, para que o país possa ganhar
competitividade nas diferentes áreas. Temos que reconhecer que a
demografia é um problema, que o número de alunos no ensino
secundário está a diminuir e que as previsões não são animadoras.
Mas também sabemos que são milhares os jovens que terminam o ensino
secundário, sobretudo pela via profissional, e que não ingressam no
ensino superior. Estamos a falar de mais 80 por cento dos
estudantes que não prosseguem estudos. E a esses jovens o País deve
dizer-lhes que precisa deles nas universidades e nos politécnicos,
para se qualificarem, porque qualificados terão certamente mais
oportunidades.
Em boa hora o CCISP promoveu este estudo. No passado já o tinha
feito e os resultados agora obtidos voltam a demonstrar o quanto o
ensino superior contribui para a coesão e para o desenvolvimento do
território. E não, não há instituições de ensino superior a
mais…