Galopim de Carvalho e Chan Meng Kam
Évora entrega Honoris Causa
A Universidade de Évora (UÉ)
atribuiu, no passado dia 9 de abril, o grau de Doutor Honoris Causa
ao Professor universitário jubilado António Galopim de Carvalho e
ao presidente do Conselho da Universidade da Cidade de Macau, Chan
Meng Kam.
Citada em nota de imprensa da
instituição portuguesa, a reitora da Universidade de Évora, Ana
Costa Freitas, considerou o professor Galopim de Carvalho "uma das
grandes personalidades do nosso país", e recordou que o "Cientista,
Pedagogo, Geólogo, divulgador de ciência, cidadão empenhado" recebe
"uma justa homenagem, por todo o seu percurso, pelo modo como
encara o mundo, o seu carinho pela cidade que o viu nascer, pela
sua dedicação a inúmeras gerações de estudantes que influenciou,
compromisso cívico", bem como "pelo que tem feito em prol da
cultura científica".
No que respeita a Chan Meng Kam, a
reitora da UÉ. Considerou ser "um dos grandes embaixadores de
Macau, uma região do mundo pela qual Portugal continua a ter um
grande carinho e onde é bem visível o legado de séculos de trocas
culturais", destacando ainda o papel que este tem tido "no
fortalecimento efetivo das relações da Universidade de Évora com
Macau e China", nomeadamente pelos "laços efetivos de cooperação ao
nível da produção de conhecimento e desenvolvimento tecnológico",
sem esquecer "a cultura e o engrandecimento da Língua
Portuguesa".
Galopim de Carvalho, Prémio Bordalo
(1994), mostrou-se feliz pelo galardão que tem "um significado
muito grande", ao constituir "uma espécie de homenagem de fim de
carreira, de uma longa vida de muito trabalho e muito honesto",
enaltecendo o facto de ser reconhecido em vida "porque depois de
falecido já não interessa", destacou o considerado "Pai dos
Dinossauros".
Após a distinção, em declarações
aos jornalistas, Galopim de Carvalho, referiu que "ciência está
maltratada em Portugal", ainda que tenha "muita estima" pelo
ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Encontra nas reclamações dos cientistas, "as dificuldades que têm
em conseguir um posto de trabalho, uma vida", porque, tal como
sublinhou, "um cientista precisa de ter a vida resolvida para
pensar na ciência".
O antigo professor universitário
acrescentou ainda que "o cientista precisa de estabilidade";
comparando com o seu percurso, reconheceu que teve "a vida
estabilizada porque era do setor da universidade. Chegava ao fim do
mês, tinha o meu salário e vivia bem, vivia descansado, não
precisava de estar a pensar nos tostões para a renda de casa e
fazia a minha ciência e fiz muita, com essa despreocupação".
No que respeita ao presidente do
Conselho da Universidade da Cidade de Macau, Chan Meng Kam,
mostrou-se igualmente "satisfeito e honrado" pela atribuição do
galardão da Universidade de Évora, com quem mantém ligação através
da Universidade da Cidade de Macau, que dedica "uma grande atenção
aos estudos e programas centrados na aprendizagem da língua
portuguesa".
Chan Meng Kam afirmou ainda que o
governo da China "presta uma grande atenção ao papel de Macau como
plataforma de ligação aos países de língua portuguesa", esperando
por esse motivo, conseguir "promover a cooperação entre a China e
os países lusófonos em áreas como a educação, negócios, relações
entre as comunidades e desenvolvimento de talentos".
Recorde-se que o Conselho Científico da UÉ considerou que,
"entre muitos outros aspectos do percurso" de Galopim de Carvalho é
"um dos maiores divulgadores de ciência em Portugal", destacando-se
"pelo seu contributo enquanto investigador" e por "ser sinónimo da
disciplina científica em que se especializou". O "empenhamento
cívico, a carreira ímpar, e a sua forte ligação à cidade de Évora,
onde nasceu (1931) e desenvolveu os primeiros estudos" bem como os
"seus dotes pedagógicos que marcaram profundamente gerações de
alunos, inspirando imensas carreiras profissionais", foram outros
contributos destacados pelo Conselho Científico da UÉ.