FCT lança concurso para investigação sobre a COVID-19 nas desigualdades de género e na violência
O Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior anunciou, ao Ensino Magazine, o
lançamento do concurso Gender Research 4 COVID 19, pela
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). No total estão
disponíveis 500 mil euros para apoiar novos estudos sobre os
impactos de género da atual pandemia.
De acordo com o Ministério, "esta
iniciativa pretende estimular novos trabalhos de investigação sobre
os constrangimentos colocados pelas relações sociais de género na
reação individual, familiar, económica e sanitária, de modo a
facilitar estratégias informadas para combater a desigualdade de
género e a violência contra as mulheres e a violência doméstica".
Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, citado na nota enviada ao Ensino Magazine, revela que "só
com mais conhecimento sobre as relações sociais que emergem no
contexto da pandemia que a todos nos afeta poderemos construir uma
sociedade melhor e mais digna, com mais respeito pelos outros.
Sabemos que a "ciência cura", mas que é também com mais
investigação social que poderemos aprender a ser mais responsáveis
e a educar as novas gerações".
Já Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a
Igualdade, considera que "nenhuma crise é neutra sob o ponto de
visto de género e que reproduz e tende a exacerbar as desigualdades
existentes entre mulheres e homens. Tal como na anterior crise
económico-financeira, antevêem-se impactos desproporcionais para as
mulheres, que, desta vez, o Governo quer conhecer e medir. Por isso
decidimos lançar este apoio inédito para a área de estudos de
género, de forma a melhor fundamentar as nossas políticas de
igualdade.", indica Rosa Monteiro
De acordo com o concurso da FCT são
consideradas três linhas de investigação:
- Género e mercado de trabalho, desde os efeitos diferenciados no
emprego e desemprego, ao teletrabalho e às dificuldades de
conciliação, e ao papel das mulheres em setores na chamada "linha
da frente" do combate à crise.
- Quotidianos, estereótipos e papéis de género, focando na
dimensão do peso dos cuidados à família e tarefas domésticas
associada aos papéis de género e da conciliação do teletrabalho com
o cuidado e apoio às atividades escolares.
- Violência contra as mulheres e violência doméstica, focando nos
padrões e dinâmicas de violência, respostas do Estado e sociedade,
e produção de ferramentas e instrumentos de prevenção e
resposta.
Através de mais esta iniciativa da
FCT serão apoiados projetos de implementação rápida, com um máximo
de 10 meses de desenvolvimento, e com o limite máximo de
financiamento por projeto de 40 mil euros, devendo adotar técnicas
de amostragem preferencialmente aleatórias e não por conveniência,
que garantam representatividade estatística e que evitem os
enviesamentos amostrais de algumas surveys entretanto
lançadas.
As propostas devem ser enviadas
através de formulário próprio (disponível aqui), entre 15 de maio e 2 de junho, e serão
avaliadas por uma comissão com peritos a designar pela FCT e pela
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG).