A Escola Superior de Saúde desenvolveu dois estudos em Castelo Branco e Covilhã, respetivamente sobre obesidade e hipertensão. Os dados revelam que na capital de distrito há peso a mais e na Covilhã os níveis de hipertensão são preocupantes.

O concelho de Castelo Branco tem peso a mais. Esta pode ser uma das leituras que se retiram do estudo efetuado pela Escola Superior de Saúde de Castelo Branco, o qual revela que 40,6% dos 1234 inquiridos no concelho albicastrense tem peso a mais. Destes 24,1% são obesos.

A investigação, desenvolvida por Angélica Fernandes Marques, aluna finalista do curso de Cardiopneumologia, sob a orientação dos docentes José Maria Folgado da Silva (científica), e Alexandre José Marques Pereira (estatística), revela ainda que 64,7% da população se encontra acima do peso ideal, de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC).

Segundo o estudo, o excesso de peso surge mais nos homens (47,1%) do que nas mulheres (37,4%). No entanto se tivermos em conta a obesidade, são as mulheres as mais afetadas (24,3%) contra os 23,7% dos homens.

Joaquim Serrasqueiro, delegado de saúde de Castelo Branco, não está surpreendido com os resultados. "Estes valores vêm ao encontro daquilo que nos refere a literatura científica", diz. No entender do médico, "o que acontece é que os hábitos de vida mudaram. E com essa mudança surgiram as alterações na dieta das pessoas, a qual deixou de ser mediterrânica para o fast food ou as refeições rápidas. Além disso, o exercício físico diminuiu em detrimento da sedentarização".

O estudo revelou, também, que os indivíduos mais afetados por esta doença são os indivíduos com baixo nível literário, as domésticas, os casados, os viúvos, os pensionistas, e os indivíduos com idade avançada.

No entanto, a preocupação deve começar junto dos mais novos. Joaquim Serrasqueiro recorda que a mudança dos hábitos de vida está a começar cada vez mais cedo, o que se deve ao facto "da sociedade atual estar a promover um espírito competitivo e individualista, o qual surge logo no 1º ciclo do ensino básico. Isto vai fazer com que a vertente física seja descurada face à intelectual e que a personalidade das pessoas se altere, o que terá também influência ao nível alimentar".

O médico aconselha o exercício físico, mas lembra que este deve ser acompanhado por um especialista. "Há alguns anos a esta parte em Castelo Branco, muito por força da intervenção da Câmara, tem-se verificado um aumento da atividade física das pessoas. A prática do exercício físico é sempre benéfica, mas ela depende de pessoa para pessoa, pelo que importa ser-se acompanhado ou aconselhado por alguém competente".

Para além do exercício físico, Joaquim Serrasqueiro diz que é importante que se volta a praticar a chamada dieta mediterrânica (a qual inclui, por exemplo, a sopa, o prato de carne ou peixe, fruta, legumes, verduras e cereais), que não é mais que um conjunto de hábitos de vida saudável. "É importante que as pessoas voltem a esse tipo de dieta".

Já na Covilhã, o estudo revela que a maior parte da população adulta desse concelho é hipertensa, segundo um estudo divulgado pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

O documento refere que 63,3% da população adulta do concelho da Covilhã é hipertensa, com base nos resultados de uma investigação que envolveu 1.272 indivíduos das freguesias do concelho.

O estudo revela que a percentagem de hipertensos é mais significativa nas mulheres do que nos homens.

A freguesia de Casegas é a que tem a taxa de incidência maior e a da Boidobra a que apresenta uma percentagem mais baixa.

O estudo foi realizado no âmbito da licenciatura em Cardiopneumologia pela aluna finalista Ana Teresa Gomes, com orientação dos docentes Patrícia Coelho (técnico-científica) e Alexandre Pereira (estatística).

Em nota divulgada, os investigadores consideram importante alertar os profissionais de saúde para a necessidade de realizar mais rastreios, de forma a sensibilizar a população para a prevenção, tratamento e deteção da hipertensão e para controlar a tensão arterial.