Equipa de Tomar descobre
Dois mil anos de história
Uma equipa de arqueólogos do Laboratório de
Arqueologia e Conservação do Património Subaquático do Instituto
Politécnico de Tomar (IPT) e do Grupo de Pesquisa de Educação
Patrimonial e Arqueologia, da Universidade do Sul de Santa
Catarina, acabam de descobrir novos vestígios de ocupação humana
datadas da época clássica, na gruta do Bacelinho, em Alvaiázere,
Leiria.
A cavidade, antiga mina romana,
possui mais de 500 metros quadrados e uma humidade relativa
bastante alta, integrando-a nas metodologias da arqueologia
subaquática. Entre os vários objetos exumados têm destaque os
elementos metálicos, alguns de armamento pertencentes aos militares
que guardavam a mina, como é o caso de duas espadas, uma ponta de
seta, vários pilum e parte de uma ponta de lança; foram ainda
exumados diversas vasilhas de diferentes tipologias, algumas em
sigilata; duas lucernas, lamparinas comumente utilizadas para
iluminação de locais fechados; e fragmentos de pequenos recipientes
em vidro. Os vestígios têm ainda apontado para a existência de
estruturas de lareiras e áreas de pernoita.
O material recuperado encontra-se a
ser processado no laboratório de campo, pela equipa de conservação,
coordenada por Cláudio Monteiro, em instalações cedidas pela Câmara
Municipal de Alvaiázere, com vista a uma estabilização eficaz dos
objetos e o seu correto acondicionamento até ao Laboratório de
Arqueologia e Conservação do Património Subaquático (IPT).
Para Deisi Scunderlick Eloy de
Farias (UNISUL), a escavação está a promover uma grande
aprendizagem para o grupo, já que escavar uma mina romana, com as
difíceis condições ambientais que esta apresenta, está a revelar-se
uma experiência gratificante, tanto em termos metodológicos, como
no estreitamento dos laços científicos com investigadores
portugueses.
A coordenadora do projeto,
Alexandra Figueiredo (IPT) considera que o estudo levado a cabo
permitirá compreender melhor a ocupação romana na região de
Alvaiázere e o processo de exploração mineiro que era empreendido
por estes habitantes. Alguns dos vestígios recuperados poderão ser
visionados em setembro no Museu Nacional de Arqueologia e no Museu
Municipal de Alvaiázere.