Universidade da Madeira
Aplicação contra riscos
O Instituto de Tecnologias Interativas da
Universidade da Madeira (M-ITI) está a desenvolver, a pedido da
Proteção Civil regional, uma aplicação móvel que ajude as pessoas a
correrem menos riscos nos percursos turísticos e nas levadas do
arquipélago.
O presidente do M-ITI, Nuno Nunes,
disse que a aplicação contemplará vários tipos de informações, como
se o percurso é seguro ou não e se está de acordo com as
capacidades físicas da pessoa e sobre as condições
climatéricas.
"É um desafio que me parece ser
interessante e que vem de encontro a algum trabalho que nós já
temos feito cá a nível de investigação. Espero que, no prazo de
seis meses a um ano, possamos dar à Proteção Civil um conceito de
uma aplicação já em protótipo avançado para depois a Proteção Civil
e quem tiver responsabilidades nesta área poder considerar, ou não,
implementar cá", referiu.
O contacto da Proteção Civil surge
na sequência das recentes mortes e dos acidentes que têm acontecido
nos percursos turísticos regionais.
Este ano foram já registados mais
de uma dezena de acidentes, quatro deles fatais: no início de
fevereiro morreu um turista britânico no final de um percurso, com
sinais de cansaço extremo, em junho um casal de alemães caiu por
uma ravina de cem metros numa vereda na freguesia do Monte e mais
recentemente uma turista alemã caiu de altura de vinte metros
quando fazia com o marido um passeio a pé na Levada da Ribeira do
Alecrim, nas Serras da Calheta.
Nuno Nunes explicou que, hoje em
dia, tendo em conta os aparelhos que já existem, é possível, "de
uma forma não intrusiva, usando tecnologias relativamente baratas"
- com postos na entrada dos pontos mais populares dos percursos,
por exemplo -, "detetar se as pessoas passaram por lá ou não e se
regressaram ou não, lançando um alerta".
No caso de uma pessoa desaparecer,
há já alguma informação sobre onde poderá estar.
O também diretor científico do
programa Carnegie Mellon Portugal disse que há pequenas aplicações,
muito populares nos Alpes, que podem ser instaladas nos iphones e
androids e permitem lançar um alerta em caso de perigo.
"A pessoa pode ativar a aplicação,
depois essa aplicação lança um alerta que permite que as equipas de
socorro possam chegar em caso de a pessoa não se estar a sentir bem
ou em caso de se perder ou acontecer algum acidente inesperado",
explicou.
Nuno Nunes esclareceu que, neste
caso, o M-ITI "vai apoiar, fazer os estudos, os desenhos dos
protótipos e testar se a tecnologia é realmente eficaz".
No caso da localização de pessoas
através da emissão de dispositivos como o telemóvel, o M-ITI tem
trabalhos de investigação há mais de quatro anos.
"Fizemos em colaboração com a
Horários do Funchal, na saída e na entrada dos autocarros, ou seja,
é possível detetar quando é que as pessoas entram e quando é que
saem do autocarro, se tiverem o bluetooth do telemóvel ligado, mas
estamos a falar de um contexto muito mais contido", realçou.
Criado em 2009 pela Universidade da
Madeira, pelo Madeira Tecnopólo e com o apoio da Carnegie Mellon
University, o Madeira-ITI é uma associação de investigação e
desenvolvimento sem fins lucrativos.