Acesso ao superior: reflexão e determinação
O Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior
Público está a decorrer até ao próximo dia 8 de agosto. Este ano
estão disponibilizadas 50 mil 838 vagas (mais 150 do que no ano
passado), distribuídas pelos ensinos universitário (55,9%) e
politécnico (44,1%). Este é um momento importante para os jovens e
para as suas famílias, que exige reflexão, pragmatismo e também
paixão por aquilo que se quer ser no futuro.
O importante é que a entrada no ensino superior seja vista como
o começo e não como um fim. Hoje o grande desafio das universidades
e politécnicos é que estão a formar diplomados muitas vezes para
profissões que ainda não existem. A imprevisibilidade é enorme e as
instituições e os alunos devem ter consciência disso mesmo. O
primeiro ciclo de formação superior não pode ser encarado como o
princípio do fim de um percurso académico, mas sim como o início de
um princípio de uma formação mais abrangente que deverá ter
continuidade num segundo e terceiro ciclos formativos.
Uma das questões que muitas vezes se nos colocam é a
empregabilidade dos cursos. Ou seja, aquilo que os diplomados
conseguem no mundo do trabalho, após a conclusão da sua
licenciatura. É uma questão pertinente e importante, mas que não
deve ser em si redutora para a escolha de um curso. A vida
profissional demonstra-nos isso mesmo. Diplomados em engenharia que
são gestores de primeira água, psicólogos que são empreendedores de
excelência, advogados que são docentes, professores que são
empresários, etc. Os exemplos são muitos. Por isso, a licenciatura
deve ser encarada como o primeiro degrau da vida académica e
profissional, tanto mais que hoje não há empregos para a vida. Nem
em Portugal, nem noutro qualquer país. E mais do que isso, novas
profissões estão a surgir todos os dias e as ditas tradicionais
estão a ser cada vez mais exigentes.
Sou dos que defende que a formação nunca é de mais. Refuto a
ideia de que nem todos podemos ser doutores ou engenheiros, de que
precisamos de técnicos especializados como eletricistas,
canalizadores, pedreiros e que por isso nem todos os jovens podem
tirar um curso superior. Mas um eletricista, um canalizador ou um
pedreiro não estará melhor habilitado a desempenhar as suas funções
se concluir uma formação superior? É de exigência e da qualificação
das pessoas que estamos a falar. Porque um pais qualificado será
sempre um país com futuro, capaz de enfrentar as suas dificuldades.
Mas acima de tudo um país que é capaz de pensar o seu futuro, pela
sua cabeça.
O acesso ao ensino superior exige, por isso, reflexão,
determinação e paixão. Estamos certos que no Ensino Magazine, todos
os meses na edição impressa, e diariamente no nosso portal,
contribui para este debate e para que as famílias e os jovens
possam escolher o seu futuro em consciência. Há 19 anos que é
assim, para que quando chega a janela das candidaturas a decisão
possa ser tomada sem precipitações. É esta a nossa forma estar. A
todos votos de boas leituras e boas escolhas…