Primeira Coluna

A revolução digital

joaofotoonline.jpgO Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, quer que, até 2030, 80 por cento dos portugueses tenham conhecimentos básicos de literacia digital. Neste momento, e de acordo com o responsável pela pasta da educação no nosso país, apenas 53% dos portugueses têm esses conhecimentos. Numa altura em que os dispositivos móveis foram proibidos na escolas francesas, Portugal parece querer dar um sinal importante de forma a não excluir ninguém desta importante revolução digital, e no modo como a informação chega às pessoas. Por isso, mais do que fingir que nada está a acontecer, importa formar, esclarecer, ensinar.
As novas gerações são, como o investigador norte americano, Mark Prensky referiu, compostas por «nativos digitais». Por jovens que cresceram no meio das novas tecnologias, que as usam no seu dia a dia, que as utilizam melhor que os seus pais e, em muitos casos, que os seus professores. Este novo modo de ver o mundo faz com que a escola tenha que olhar para ele de forma séria e profissional, com a certeza de que se assim o fizer vai formar pessoas mais qualificadas e capazes de abraçar novos desafios, contribuindo deste modo para que o próprio país esteja preparado para acolher diferentes projetos.
Uma das questões que se coloca ao ensino, sobretudo ao ensino superior, é a necessidade de formar alunos para profissões que ainda não existem. São necessárias formações sólidas, objetivas, rigorosas, mas ao mesmo tempo de banda larga. Neste processo, a literacia digital e a utilização dos dispositivos que lhe estão associados são fundamentais. Esta é uma questão que as próprias academias têm discutido e que no último Encontro Internacional de Reitores - Universia 2018, que reuniu mais de 700 responsáveis de universidades e politécnicos de todo o mundo, numa iniciativa do Grupo Santander, esteve em destaque.
Há 500 anos atrás, a utilização dos livros também não foi vista como um bom método de aprendizagem. A prática era a memorização em vez da utilização e da consulta. Hoje, cinco séculos depois, a discussão parece contrariar o dia a dia de cada um. Todos nós utilizamos as novas tecnologias, em casa, no café, no trabalho. Mas no que respeita à escola, parece que são um bicho papão que em nada contribuem para o ensino ou para a educação dos nossos alunos.
Não quero com isto dizer que o mundo digital e o recurso a esses dispositivos vem resolver todos os problemas e que a sua aplicação é fácil. Nada disso. São recursos bem mais complexos do que o livro o era há 500 anos, que exigem formação, método, estratégia e regras. São poderosos e por isso reclamam cuidados redobrados, mas não devem ser afastados só porque dão trabalho ou porque são de difícil controle. Ou simplesmente com a célebre justificação do «eu acho que...». Importa, por isso, que nos preparemos para o futuro. Porque se o fizermos seremos um país com gente mais competente, com capacidade crítica, capaz de utilizar e aprender, sem medo, separando a verdade da mentira, o importante do acessório. Mas acima de tudo teremos um país capaz de responder de forma afirmativa aos desafios que o mundo digital já nos está a colocar e que uma grande parte da população não consegue compreender, mas, pior que isso, que pensa compreender. E esse é um grande problema, pois não basta ir à internet e ver o que lá está…

 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
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