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ISQ tem laboratório de ponta para o setor aeroespacial
Cápsula que vai a Marte é feita em cortiça e testada em Castelo Branco

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No laboratório do ISQ em Castelo Branco está a ser testada uma sonda, feita em cortiça, que vai a Marte. Ainda este ano arrancam os ensaios do primeiro microssatélite português que vai para o espaço em 2020. Dois exemplos de inovação desenvolvidos no interior do país, onde já se testaram o nariz da nave espacial europeia, as asas de futuros aviões da Embraer, e onde se produzem vegetais sem terra, em ambiente controlado, sem pesticidas e sem bactérias.

 A caminho de Marte

O protótipo da sonda que irá a Marte recolher amostras do solo está a ser testado no laboratório do ISQ em Castelo Branco. O equipamento tem a particularidade de ser revestido com cortiça portuguesa num projeto inovador que está a ser desenvolvido pelo ISQ, a pedido da Agência Espacial Europeia, em parceria com a Amorim Cork Solutions, o Polo de Engenharia dos Polímeros e a Critical Materials.

Este é um dos muitos projetos de investigação que está a ser testado no laboratório albicastrense. Os ensaios para o primeiro microssatélite português vão começar ainda este ano. Para trás ficam testes ao nariz da nave espacial europeia e a asas para um novo avião da Embraer. Em curso está ainda uma outra aposta na área da bioagricultura, que passa por produzir plantas sem terra e em ambiente controlado, sem pesticidas e sem bactérias.

Pedro Matias, presidente do grupo ISQ, explica que o teste da cápsula que irá a Marte é apenas um pequeno passo de uma estratégia maior: "queremos ser reconhecidos como um dos Laboratórios de Ensaios Espaciais de excelência na Europa". A sonda irá recolher amostras do solo. Depois terá que regressar à terra.

Na sua composição, esta cápsula, de dimensões generosas, apresenta uma estrutura externa fabricada em cortiça misturada com um poliuretano modificado, o que lhe garante a rigidez suficiente para a entrada na atmosfera. Os testes procuram aferir essa mesma resistência.

Telmo Nobre, responsável pelo laboratório do ISQ em Castelo Branco, revela que "já foi feito um ensaio que simulou a aterragem da sonda que irá a Marte e que descerá na terra, muito provavelmente no deserto australiano". Por isso, diz, o "objetivo do ensaio foi saber o impacto da aterragem dessa sonda nas areias da Austrália. Em Castelo Branco foi feita a simulação dessa aterragem".

 

Exemplo internacional no aeroespacial

Este projeto volta a colocar Portugal como um dos países na linha da frente no que respeita à investigação nos setores aeronáutico e aeroespacial. O laboratório de Castelo Branco, situado a meio caminho entre Lisboa e Madrid, bem no centro da Península Ibérica, é uma referência no entender do presidente do ISQ. Pedro Matias recorda que aquela infraestrutura "trabalha para o Mundo". E dá os exemplos da "Agência Espacial Europeia, Embraer, Vestas, Airbus, Safran, Thales Alenia, Ariane Group, Grupo Volkswagen, Carrier e Thermo King, entre tantas outras marcas internacionais de referência".

Ali já foram testados o nariz de uma nave espacial para a Agência Espacial Europeia e uma asa composita para o fabricante de aviões Embraer. Ainda este ano começará a ser testado o microssatélite português Infante.

É também nesse laboratório que se encontra um dos maiores túneis de ensaios termodinâmicos da Europa, inaugurado em julho, numa cerimónia em que Pedro Matias falou sobre o projeto de ensaio da sonda que irá a Marte, mas também de um outro projeto de dimensão internacional e que envolve os testes do primeiro microssatélite português, ou ainda da produção de vegetais sem terra, em ambiente controlado, sem pesticidas e sem bactérias.

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O Ministro Pedro Siza Vieira destacou a inovação do país nos setores aeroespacial e aeronáutico

As diferentes dimensões deste laboratório foram conferidas pelo Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, numa cerimónia em que o Estado fez questão de ter uma presença musculada com as presenças dos secretários de Estado da Economia, João Correia Neves; do Turismo, Ana Mendes Godinho; da Defesa do Consumidor, João Torres; e da Valorização do Interior, João Paulo Catarino, para além do presidente do IAPMEI, Nuno Mangas, da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, e do presidente da Câmara albicastrense, Luís Correia.

Para Pedro Siza Vieira, "o que se passa em Portugal nos setores aeronáutico e aeroespacial é bem um símbolo de onde devemos colocar as nossas ambições. Há 10 ou 15 anos não tínhamos produção aeronáutica. Hoje temos capacidade industrial, de engenharia, e de produção de componentes. É um setor que vale algumas centenas de milhões de euros e que continua a crescer".

O ministro da Economia considera que este sucesso "é um produto de vontade e capacidade de concretização dos portugueses. Quando a Embraer decidiu colocar as suas fábricas em Portugal foram feitos investimentos em Évora. Hoje em dia é aí que se situa a capacidade aeronáutica portuguesa e é em Castelo Branco que se testam os componentes fabricados no nosso país e que são incorporados em aviões e em naves espaciais em todo o mundo. Este é um bom sinal como as políticas públicas e objetivos ambicioso podem conseguir coisas efetivas que beneficiam o país".

 

Primeiro microssatélite português no espaço em 2020

Ainda este ano o laboratório do ISQ em Castelo Branco deverá começar a testar o primeiro microssatélite português, que deverá ir para o espaço durante o ano 2020. Telmo Nobre diz estar "a desenvolver muitos projetos para a indústria automóvel, com a avaliação de muitos componentes que antes de entrarem em linha de produção são aqui testados". Mas o microssatélite português surge na linha da frente. "Continuamos a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Estamos envolvidos no projeto Infante e é provável que no final do ano se comecem aqui a fazer alguns ensaios à câmara multiespectral do Satélite Infante", refere. Esta câmara permite captar imagens da Terra e dos oceanos no espectro visível e com muito alta resolução, através da qual se irão captar imagens da terra e dos oceanos.

infante.jpgSegundo o ISQ, o projeto Infante prevê a construção do novo satélite português: "O investimento é de cerca de nove milhões de euros e o satélite será o primeiro de uma futura constelação de 12 satélites idênticos que serão construídos e lançados nos anos seguintes. Fazem parte deste consórcio nove empresas da área do espaço - Tekever, Active Space Technologies, Omnidea, Active Aerogels, GMV, HPS, Spin Works, entre outras - e dez centros de I&D (investigação e desenvolvimento) de várias universidades e laboratórios de investigação de todo o país que trabalham em espaço, como por exemplo o ISQ que é uma referência na área da aeronáutica e espaço".

Como é o satélite

O satélite Infante tem o formato de um pequeno paralelepípedo. De acordo com o ISQ "será o primeiro de uma futura constelação de 12 satélites idênticos a ser construídos e lançados após 2020. Será a primeira rede de satélites portuguesa para fazer monitorização dos oceanos e da Terra".

O Infante é, segundo aquele grupo, "o primeiro satélite integralmente concebido e construído em Portugal para observação da Terra, com especial foco nas aplicações marítimas, prevendo-se que esteja em órbita a partir de 2020". Além do laboratório do ISQ em Castelo Branco, neste projeto está também envolvida a Universidade da Beira Interior.

O satélite terá três funções, a saber: vigilância marítima - com a identificação de navios no Atlântico e reporte de alertas; monitorização ambiental, monitorizando os fenómenos ambientais de evolução lenta (como derrames de óleo ou proliferação de algas); deteção e monitorização de eventos extremos, através da deteção e monitorização de fenómenos de rápida evolução (por exemplo, incêndios, inundações, eventos meteorológicos extremos ou outros).

 

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A tecnologia de Indoor Vertical Farming da Grow to Green produz vegetais em ambiente controlado

 

Produzir vegetais sem terra

E se no Laboratório do ISQ em Castelo Branco os ensaios tecnológicos e científicos não param, mesmo ao lado, num outro edifício, a aposta é a inovação agrícola. O projeto, desenvolvido pela sua empresa Grow to Green passa por produzir vegetais em laboratório e em ambiente totalmente controlado, sem terra, sem pesticidas e sem bactérias.

O objetivo é preparar o futuro. Essa é a opinião de Pedro Matias para quem "este é o futuro da alimentação, onde os alimentos são produzidos em câmaras controladas, num espaço limpo. É uma aposta que está em curso, que começou como projeto de investigação e desenvolvimento, que hoje é de inovação e que deu origem a uma empresa que está no mercado a vender esta tecnologia desenvolvida em Castelo Branco para todo o mundo".

A tecnologia e a ciência aplicadas nesta produção foram testemunhadas pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. Os vegetais são produzidos em câmaras com a tecnologia de Indoor Vertical Farming da Grow to Green. Segundo o ISQ, os hortícolas além da sua elevada qualidade "são produzidos com maior eficiência hídrica e total segurança alimentar em que se destacam: o controlo preciso de temperatura, humidade, concentração CO2, velocidade do ar, nutrição e iluminação". Deste modo, "asseguram-se as condições perfeitas para o crescimento de plantas ao longo de todo o ano, obtendo-se vegetais super limpos".

O objetivo desta empresa passa por comercializar soluções de produção agrícola em Indoor Vertical Farming (IVF). Atendendo ao elevado nível de controlo, a Grow to Green pretende fazer chegar à indústria uma plataforma de produção que permita produzir de forma contínua, sem interferência climática exterior, sem contaminações químicas e/ou biológicas e com total previsibilidade logística.

João Carrega
 
 
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