Editorial
Já cheira a férias
A educação é um projecto cultural e humanista que a
obriga a estabelecer valores e objectivos que toda a comunidade
escolar tenta cumprir. Esse esforço exige uma grande abertura aos
novos horizontes, às novas solicitações e às novas oportunidades. É
por isso que, para os educadores, a compreensão da mudança de
valores que as novas gerações transportam para a escola, deve ser
uma das fontes inspiradoras que permita dar sentido ao que fazem,
clarificando a dimensão ética das suas práticas.
A sociedade do século XXI
necessita de profissionais que sejam capazes de transformar as
adversidades em desafios, e estes em processos de inovação.
Profissionais que saibam identificar as suas características
específicas, potenciando- -as através da identificação das funções
e competências que esse impulso renovador lhes irá exigir.
Mas, para que esse investimento
pessoal e profissional resulte em eficiência organizacional,
torna-se indispensável que se conjuguem cinco condições, ou
objectivos básicos de intervenção: 1ª- Conceder aos educadores
autonomia de decisão quanto à elaboração de projectos curriculares,
a partir de um trabalho sistemático de indagação, partilhado com os
seus colegas. 2ª- Prestar especial atenção à integração da
diversidade dos alunos, num projecto de educação compreensiva, que
atenda às características e necessidades individuais. 3ª- Manter um
alto nível de preocupação quanto ao desenvolvimento de uma cultura
de avaliação do trabalho individual e do funcionamento
organizacional das escolas. 4ª- Associar a flexibilidade à
evolução, face ao reconhecimento que os professores detêm
diferentes ritmos para atingirem os objectivos que os aproximem dos
indicadores sociais da mudança. 5ª- Manter, finalmente, uma grande
abertura às propostas e às expectativas de participação de todos os
elementos da comunidade educativa, enquanto condição para promover
a ruptura que conduz à renovação.
Infelizmente, a última década não
permitiu alimentar este tipo de optimismos. Razões alheias ao
crescimento profissional dos docentes, como o são as ancoradas nas
crises demográficas, ou em medidas de política educativa,
anunciavam tempos de ruptura, pouco favoráveis à reflexão serena
sobre o futuro da escola.
Com o início das férias de Verão,
a comunidade escolar prepara-se para entrar num curto interregno,
após mais um trabalhoso ano escolar. Lá para Setembro avizinha-se
mais uma abertura de ano escolar com os contornos já habituais. E
julgo que todos estamos preparados para, mais uma vez, agirmos mais
com as pessoas e menos contra elas.