UTAD estuda aves
O alimento e o olfato
As aves utilizam
diferentes capacidades sensoriais, bem como informação social, para
melhorar a eficiência na procura de alimento, sendo que o olfato,
em particular, está entre os sentidos "mais importantes no
comportamento de navegação e de procura de alimento pelas aves
marinhas".
A conclusão é de Rita Bastos,
investigadora do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA), da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que desenvolveu
um modelo para explorar o papel de diferentes mecanismos no
comportamento de procura de alimento por aves marinhas pelágicas. A
espécie-alvo utilizada foi a cagarra-do-atlântico (Calonectris
borealis).
Implementado ao abrigo do
Programa Doutoral Do*Mar, numa parceria entre a UTAD e a
Universidade de Coimbra, o estudo concluiu ainda que as aves podem
detetar presas através da observação e imitação do comportamento de
outros indivíduos, bem como através de mecanismos baseados na
aprendizagem e memória, devido às exigências de um ambiente
"altamente dinâmico" que terá criado uma "necessidade adaptativa de
expansão das habilidades cognitivas".
Rita Bastos explica que "os
indivíduos da cagarra-do-atlântico se alimentam frequentemente em
grupo, em associação com outros predadores marinhos como cetáceos
e, apesar de utilizarem o olfato para navegar pelo oceano, também
exploram informações sociais por forma a melhor localizarem
alimento nos oceanos".
Esta procura de recursos no mar
representa um "desafio" para as aves marinhas, uma vez que os
oceanos são ambientes "extremamente dinâmicos", sendo a
distribuição das presas "difícil de prever e de localizar",
acrescenta a investigadora. Assim, o modelo desenvolvido recriou o
comportamento de movimento de indivíduos reais, baseado nas
características de movimentos das cagarras-do-atlântico, extraídas
de viagens de um dia realizadas por aves reais em torno da ilha do
Corvo (Açores, Portugal).
O trabalho foi objeto de um
artigo científico intitulado Oceans of stimuli: an individual-based
model to assess the role of olfactory cues and local enhancement in
seabirds' foraging behaviour, publicado na prestigiada revista
Animal Cognition e disponível aqui.