1ª Coluna

Estudantes sem bolsa

IMGP1979.JPGMilhares de estudantes do ensino superior ainda não tinham, à hora de fecho da nossa edição, uma resposta sobre a atribuição ou não de bolsas de estudo para o presente ano lectivo. Para muitos a situação é já insustentável. Sem esse apoio a conclusão de um curso ou a frequência no ensino superior passam a ser uma miragem. João Queiró, secretário de Estado do Ensino Superior, afirmou, no passado dia 6, que "a autorização para o pagamento das bolsas já existe desde Outubro. Acontece que a análise é tão lenta que faz impressão". Aquele membro do Governo gostaria que o processo fosse mais célere por parte das entidades competentes, neste caso a Direcção Geral do Ensino Superior.

A questão das bolsas de estudo é salientada pela maioria dos líderes associativos durante as sessões solenes de aniversário ou de abertura de ano lectivo de universidades e politécnicos. A crise económica que o país vive, a elevada taxa de desemprego e o aumento das propinas em muitos estabelecimentos de ensino deixam muitas famílias sem solução.

Os casos de alunos que nos últimos anos lectivos tiveram dificuldades em liquidar as propinas levou a que as instituições tentassem encontrar soluções que permitissem esse pagamento de forma mais faseada. Nalguns casos chegou a abrir-se a possibilidade dos alunos poderem "trabalhar" para as próprias instituições, garantindo assim mais um meio para o pagamento das propinas. Universidades e politécnicos procuraram assim minimizar um problema real, mantendo o objectivo de qualificarem mais cidadãos.

A questão da avaliação das bolsas de estudo é velha de anos e em momentos em que o dinheiro escasseia o filtro torna-se mais apertado. Desde sempre se ouviram histórias de que muitos alunos usufruíam desse tipo de apoio sem que dele necessitassem, evidenciando mesmo sinais exteriores de riqueza, fazendo-se circular, nalguns casos, em carros que não deixavam envergonhado o mais exigente dos ministros. É por isso que se exige rigor nessa análise e que também se exige aprovação escolar dos alunos que desse apoio beneficiam. Só com rigor é possível termos um sistema de ensino e de apoio aos estudantes mais justo, e ao mesmo tempo honesto para com todos os contribuintes.

Num cenário em que quem apoia quer ter a certeza de que as verbas vão para quem precisa, e que quem reclama os apoios quer sempre mais alguma coisa, há que encontrar o equilíbrio através de regulamentos claros e de análises céleres e rigorosas. Acontece que estamos em Dezembro, com o primeiro semestre quase a chegar ao fim e as respostas ainda não chegaram a muitos alunos. A burocracia do Estado continua a ser um exemplo de como o País nem sempre funciona bem, e onde a bola da responsabilidade é atirada de um lado para o outro…

 
 
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