Estudantes sem bolsa
Milhares de estudantes do ensino
superior ainda não tinham, à hora de fecho da nossa edição, uma
resposta sobre a atribuição ou não de bolsas de estudo para o
presente ano lectivo. Para muitos a situação é já insustentável.
Sem esse apoio a conclusão de um curso ou a frequência no ensino
superior passam a ser uma miragem. João Queiró, secretário de
Estado do Ensino Superior, afirmou, no passado dia 6, que "a
autorização para o pagamento das bolsas já existe desde Outubro.
Acontece que a análise é tão lenta que faz impressão". Aquele
membro do Governo gostaria que o processo fosse mais célere por
parte das entidades competentes, neste caso a Direcção Geral do
Ensino Superior.
A questão das bolsas de estudo é
salientada pela maioria dos líderes associativos durante as sessões
solenes de aniversário ou de abertura de ano lectivo de
universidades e politécnicos. A crise económica que o país vive, a
elevada taxa de desemprego e o aumento das propinas em muitos
estabelecimentos de ensino deixam muitas famílias sem solução.
Os casos de alunos que nos últimos
anos lectivos tiveram dificuldades em liquidar as propinas levou a
que as instituições tentassem encontrar soluções que permitissem
esse pagamento de forma mais faseada. Nalguns casos chegou a
abrir-se a possibilidade dos alunos poderem "trabalhar" para as
próprias instituições, garantindo assim mais um meio para o
pagamento das propinas. Universidades e politécnicos procuraram
assim minimizar um problema real, mantendo o objectivo de
qualificarem mais cidadãos.
A questão da avaliação das bolsas
de estudo é velha de anos e em momentos em que o dinheiro escasseia
o filtro torna-se mais apertado. Desde sempre se ouviram histórias
de que muitos alunos usufruíam desse tipo de apoio sem que dele
necessitassem, evidenciando mesmo sinais exteriores de riqueza,
fazendo-se circular, nalguns casos, em carros que não deixavam
envergonhado o mais exigente dos ministros. É por isso que se exige
rigor nessa análise e que também se exige aprovação escolar dos
alunos que desse apoio beneficiam. Só com rigor é possível termos
um sistema de ensino e de apoio aos estudantes mais justo, e ao
mesmo tempo honesto para com todos os contribuintes.
Num cenário em que quem apoia quer
ter a certeza de que as verbas vão para quem precisa, e que quem
reclama os apoios quer sempre mais alguma coisa, há que encontrar o
equilíbrio através de regulamentos claros e de análises céleres e
rigorosas. Acontece que estamos em Dezembro, com o primeiro
semestre quase a chegar ao fim e as respostas ainda não chegaram a
muitos alunos. A burocracia do Estado continua a ser um exemplo de
como o País nem sempre funciona bem, e onde a bola da
responsabilidade é atirada de um lado para o outro…