Politécnicos estudam ofertas
Crise condiciona cursos
O presidente do Conselho Coordenador
dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) considera que os
cortes orçamentais nas instituições que representa passarão mais
pela redução da oferta formativa do que pela dispensa de
professores contratados.
Sobrinho Teixeira adiantou que os
politécnicos vão fazer uma análise dos cursos "que é pertinente ou
não continuarem a funcionar", desde especializações tecnológicas
(CET) a licenciaturas e, sobretudo mestrados.
Esta reavaliação fará com que no
próximo ano letivo haja "menos mestrados a funcionar pela fraca
atratividade", assim como outras ofertas formativas, o que poderá
traduzir-se também "em menor contratação de pessoas, nomeadamente a
tempo parcial".
O presidente do CCISP garante, no
entanto estar afastada a possibilidade que chegou a admitir de
dispensa de centenas de professores contratados quando foi
conhecida a proposta inicial do Governo para o Orçamento de Estado
(OE) para 2012.
O corte de 8,5 no financiamento do
Ensino Superior mantém-se, mas, de acordo com Sobrinho Teixeira, a
versão final do OE deixou de fora o que as instituições
classificaram de uma "limitação à sua autonomia".
"A possibilidade que se vislumbra
de, sem aumentar a massa salarial referente a 31 de dezembro de
2011, em 2012 pudermos fazer contratações, é um aspeto muito
positivo porque isso permite uma gestão muito eficaz daquilo que é
a atividade docente e de investigação das instituições",
afirmou.
Na versão inicial do Governo, só na
instituição que Sobrinho Teixeira dirige, o Instituto Politécnico
de Bragança, "à volta de 200 contratações estariam limitadas e
sujeitas a um visto prévio dos ministérios das Finanças e da
Educação".
Segundo disse, perto de "20 por
cento do corpo docente dos politécnicos portugueses" é constituído
por professores contratados anualmente a tempo parcial e, com esta
alteração, "é possível continuar a fazer essas contratações, sem
aumentar o encargo financeiro com salários porque já existiam no
ano transato".
Outra alteração com que o presidente
do CCISP se congratula é a não cativação de 2,5 por cento do
orçamento destes organismos, o que "iria limitar" as instituições
de ensino superior, concretamente na candidatura de projetos a
fundos comunitários.
"Eu diria que era quase uma atitude
pouco inteligente (do Governo) estarmos a fazer cativações sobre
receitas próprias das instituições porque estaríamos a limitar a
sua capacidade de captar dinheiro de fora para dentro do país e
estaríamos também a limitar a vontade de que mais projetos existam
e maior captação de receitas possa haver", considerou.
São "evoluções muito positivas, em
relação à proposta inicial", que para o presidente do CCISP seria
"um retrocesso, quase voltar à Idade Média daquilo que é hoje a
visão dinâmica das instituições de ensino superior".