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Pedro Lynce, ex-ministro do Ensino Superior
“Bolonha foi um fiasco!”

pedro lince.jpgPedro Lynce, ex-ministro do Ensino Superior, mostrou-se bastante crítico ao modo como a Declaração de Bolonha foi implementada em Portugal. "Bolonha foi um fiasco para Portugal. Foi uma oportunidade perdida. Na maioria dos casos, e ainda bem que há excepções, foi feita uma divisão dos cursos de cinco anos para três anos. E não era isso que se pretendia! Os próprios métodos de ensino também não mudaram como deviam".

O ex-ministro falava ao Ensino Magazine à margem da sessão solene de aniversário do Instituto Politécnico de Portalegre, onde foi distinguido com o título de Professor honoris causa.

Pedro Lynce foi, em 2003, um dos primeiros governantes a aconselhar as universidades e os politécnicos a entenderem-se, sobretudo no que respeitava à oferta formativa. Nessa data, numa longa entrevista ao Ensino Magazine frisou isso mesmo. Hoje, de novo em declarações ao nosso jornal volta a dar o mesmo conselho. "Cada dia que passa isso é mais importante. O número de alunos é cada vez menor. Não podemos continuar com a situação em que existem demasiados cursos iguais em regiões próximas".

O ex-ministro revela ainda que são "essas parcerias que podem dar dimensão às instituições". Ainda assim Pedro Lynce, lembra que as instituições de ensino poderão ter um papel activo em áreas como a formação profissional. "Os Politécnicos têm também essa obrigação, pois as exigências são muitas", disse.

Numa outra perspectiva, Pedro Lynce volta a reafirmar a necessidade de se qualificarem os corpos docentes das instituições. "Os desafios são muitos, não só no nosso país, mas em termos internacionais essa medida é fundamental para assegurar a credibilidade", diz para depois acrescentar: "está a haver um esforço das instituições para que isso seja conseguido".

No entender do ex-ministro a questão da qualidade dos cursos das instituições é fundamental. "Não podemos ter alunos de primeira e de segunda, pois quando for feita uma avaliação internacional isso será referido", esclarece.

Em tempos de crise económica, Pedro Lynce sublinha o esforço que universidades e politécnicos têm feito na captação de receitas próprias. "Estamos a adaptarmo-nos a uma nova realidade. As instituições de ensino superior têm aumentado as suas receitas próprias, e não só através das propinas, mas de outras rubricas, pelo que acredito que iremos superar a crise".

O ex-ministro deixa, no entanto, um aviso: "a prioridade das prioridades é a educação e a qualificação do país. Por isso, se nos pedirem sacrifícios nós devemos estar solidários, mas assim que houver mais meios, deve ser feito um reforço na educação. Os tempos mudaram. Por exemplo, uma criança que chegue à escola sem passar pelo pré-escolar fica logo atrasada. Têm que existir igualdade de oportunidades, e isso consegue-se com a educação".

 
 
 
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