Fado é Património Mundial e Imaterial da Cultura
Camané – O príncipe do Fado
Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos
nasceu em Oeiras a 22 de dezembro de 1967. Este jovem, mais
conhecido por Camané, é uma das grandes vozes da nova geração
fadista.
Começa como quase todos por ganhar
a Grande Noite do Fado que, quer queiramos quer não, é o grande
trampolim para a maior parte dos fadistas e não só.
Depois de alguns anos de interregno
começou a atuar em diversas casa de fado. Integrou também o elenco
de algumas produções de Filipe La Féria como a Grande Noite,
Maldita Cocaína e Cabaret onde se evidenciou.
Em janeiro de 1995 grava o disco
Uma Noite de Fados com a colaboração de José Mário Branco. Acerca
deste trabalho José Mário Branco afirmou:
" ... A experiência acabou, creio,
por não ser difícil, e por ser acústica e artisticamente
compensadora. Sobretudo porque se pôde contar com um intérprete
excecional, excelentes músicos, ótimas condições e apoio logístico
da editora e, repito, uma grade mestria de captação. Só uma palavra
sobre os 'arranjos': a nossa opção em relação aos fados ditos
'clássicos' ou tradicionais foi, como se poderá constatar, a de
lhes 'mexer com pinças'. Quero dizer: tomamos como referência
segura e historicamente estratificada o imenso repositório de
estilos, versões e interpretações que a tradição oral do Fado
trouxe até nós, mas ao mesmo tempo não nos coibimos de procurar
toques de modernidade ou apuramento de gosto. Como se se tratasse,
afinal, de um diálogo harmónico melódico entre culturas e épocas
diferentes, mas totalmente cúmplices na busca da autenticidade e da
comunicação intangível, dos sentimentos profundos, que são, a meu
ver, a própria matriz da arte fadista."
Vários trabalhos se lhe seguiram:
Na Linha da Vida; Pelo Dia dentro; Como sempre... Como dantes.
Camané esteve envolvido no projeto
Humanos ao lado de Manuela Azevedo e David Fonseca bem como dos
músicos Nuno Rafael, João Cardoso e Hélder Gonçalves, do qual
resultaram dois álbuns Humanos e Humanos ao Vivo e um DVD, relativo
aos concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto, onde Camané
mostrou a sua versatilidade de interpretação.
Em 2006 é lançado o DVD Ao vivo no
São Luíz.
De regresso aos estúdios, Camané
brinda o seu público com o trabalho Sempre de Mim.
Em 2010 lança o álbum Do Amor e dos
Dias. Este trabalho acrescenta à sua carreira o comentário a um
poema de Alexandre O'Neill, O amor é o amor.
Em 2011 regressa ao Teatro
Municipal de São Luíz para mais uma noite de Fados onde a mistura
de um cenário metodicamente pensado, contrasta com a explosão
lírico poética do fadista.
A penumbra, o silêncio, o declamar,
as pausas, a respiração fazem de Camané um dos vultos do Fado da
contemporaneidade.
J. Vasco
Imagem de João Vasco, texto de Rui Manuel Ferreira, extraído do livro Fadistas do Séc. XXI, com apresentação prevista para 13 deste mês, no Museu do Fado, em Lisboa
J. Vasco