Quatro rodas
Atacar a mediocridade
Todos os anos, por esta altura, o foco do desporto
automovel nacional, passa das pistas para os gabinetes. Estamos
pois na época da definição dos calendérios para o novo ano.
A elaboraçao dos calendários tem
sido um jogo de forças, em que cada clube organizador tenta execer
o seu poder lobista junto da federação para tentar organizar as
suas provas, nos melhores campeonatos e conseguir as melhores
datas. Situação inteiramente legítima.
Para tentar regular estes
interesses, a entidade federativa chegou a estabelercer regras para
entrada e saída de clubes, na organização de provas para
determinados campeonatos, baseadas nos relatórios dos observadores
que envia a cada organizaçao. Assim, um clube que tivesse
organizado uma prova de um campeonato regional, com boa prestação,
poderia aspirar a entrar para um campeonato nacional e vice versa.
Sabendo-se das ligações dos observadores a alguns clubes e da
capacidade lobista (dos clubes estabelecidos) junto dos orgãos
diretivos, constatamos que desde há anos, nos principais
campeonatos, temos quase sempre os mesmos clubes organizadores.
Poderei por ventura estar a ser
injusto nesta análise e os clubes que sempre estiveram nos
campeonatos de topo serem efetivamente os melhor preparados para
organizar essas provas, o certo é que, por vezes, saltam para a
comunicação social erros graves de organizadores, que impavidamente
continuam com lugar cativo nos principais campeonatos.
Concluo pois que esta "fórmula" não
tem funcionado, para o bem do desporto automóvel.
Aparece agora um novo ator, neste
ambiente em que cada clube se tenta colocar na melhor posição para
defender os seus "territórios". Mais propriamente, no campo dos
ralis surge uma associação de organizadores com seis membros, com
intenções comunicadas. Trata-se da ACOR, Associação de Clubes
Organizadores de Ralis.
Espero pois que a ACOR não seja
apenas uma associacção criada para "defender o flanco" dos 6 clubes
que a criaram, mas que possa evoluir para algo mais executivo e
pedir à federação que nela delegue a organização dos campeonatos.
Não estamos pois numa fase de defender o que quer que seja, mas sim
de atacar. Sim atacar. Atacar a mediocridade em que caiu o
campeonato português de ralis, onde nas últimas provas houve menos
de 10 inscritos.
Meus senhores, é preciso trabalhar
para se construir uma estrutura profissional que consiga gerir e
evoluir o campeonato. Para isso, em vez de ter um presidente que
perceba muito de ralis, temos que colocar na ACOR um dirigente
executivo com provas dadas no marketing desportivo. A ser assim,
será esta uma excelente notícia o aparecimento da ACOR.
Desejo pois uma longa e promissora
vida à nova ACOR, a bem do desporto automóvel. Vou estar
atento.