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Aveiro: vaca faz habilidades de circo

A Sissi, uma novilha nascida na Escola de Agricultura de Vagos, a sul de Aveiro, criou uma relação afetiva com a veterinária que assistiu ao parto, dá-se pelo nome, obedece, saltita e quase faz habilidades de circo.

Teresa Valente, a médica veterinária assistente da vacaria da Escola Profissional e diretora do polo de bovinos, diz que se trata de uma bovina "inteligente e bastante sociável", com um comportamento anormal para a idade. Teresa diz mesmo que tem um "projeto pedagógico" para a Sissi: "conseguir ensinar-lhe mais umas gracinhas, para mostrar às visitas".

A escola tem vários cursos de aptidão profissional, repartidos pelo polo de restauração e turismo, o polo tecnológico, o polo de equinos e o polo de bovinos, sendo visitada frequentemente por crianças do ensino básico e pré-escolar, para quem a Sissi é já a principal atração.

Trata-se de um animal de uma raça pouco comum, a "pardo suíço", que faz parte de um efetivo diversificado, coabitando com outras vacas menos vulgares, como as "jersey", e até uma "frísia" de pelo vermelho, sendo predominante a "holstein", de manchas brancas e pretas, a típica vaca leiteira presente na região.

"Há uma grande preocupação em manter o cariz pedagógico e procuramos ter várias raças de aptidão leiteira à disposição, para os alunos poderem estudar não são as características anatómicas, mas também fazer a avaliação da aptidão leiteira dessas mesmas raças", explica à Lusa Teresa Valente.

Entre outras curiosidades da vacaria, onde o ambiente é calmo, está o facto de os animais disporem de luzes de presença durante a noite e de música durante o dia, para aumentar a produção de leite, tendo sido feitas várias experiências com diferentes estilos musicais gravados e sintonia de estações de rádio.

"O objetivo é estimular a produção leiteira e, de facto, nós vimos resultados: ficam muito mais ativas, deslocam-se muito mais à manjedoura e permanecem ali muito mais tempo", relata a veterinária.

Quanto à Sissi, que vai procriar dentro de alguns meses, Teresa Valente admite ter com ela uma "relação especial", que começou no momento do seu nascimento na Escola, no dia 13 de novembro de 2013.

"Achei muito curioso porque na altura a Sissi ainda estava no canal de parto e já tinha os olhos abertos, a olhar para mim. Prestei-lhe os primeiros cuidados neonatais, coloquei-a no viteleiro, dei-lhe o primeiro biberão, e depois ensinei-a a beber do balde e acompanhei-a desde muito pequenina", descreve.

Depressa se apercebeu que a Sissi não era uma vaca qualquer e criou uma relação afetiva com o animal, "quase maternal", que corresponde com manifestações de afeto, à sua maneira.

"Todos os dias eu vou ter com ela, dou-lhe mimos, faço-lhe festas e falo com ela. Dá pelo nome e as habilidades que faz é pela vontade dela. Brinca, saltita, e interage bastante comigo. Anda sempre atrás de mim e tem um comportamento de vitela que não o perdeu, como a sucção das minhas mãos, que entendo que seja por me associar a uma identidade que lhe transmite proteção", conta.

Segundo Teresa Valente é vulgar esse comportamento em vitelas, mas perdem-no a partir dos dois a três meses, no momento em que começam a ter acesso à alimentação sólida, o que não aconteceu com a Sissi.

"Acho-lhe também piada porque as brincadeiras que ela tem não são tanto de bovino, de marrar, mas mais de equino, dando pequenos saltos de cavalo. Apenas dá pequenas marradinhas para cumprimentar ou quando quer chamar a atenção. E é muito ciumenta. Por vezes, sento-me no degrau e até deixo que as outras novilhas me venham cumprimentar, porque não quero que fiquem stressadas e gosto que os animais tenham uma boa relação comigo, mas a Sissi não deixa e afasta as outras. A atenção é para ela e se estou lá dentro é para brincar com ela e com mais ninguém", explica.

Os alunos dizem que a novilha "sente as costas quentes" quando está presente a médica, mas a veterinária procura repreender as atitudes de "bullying" para com as companheiras. Só que até nessas ocasiões a Sissi tem uma reação original: afasta-se para um canto do parque, amuada.

"Como não é rancorosa, acaba por voltar e fazemos as pazes", diz Teresa Valente, que pretende continuar a explorar as capacidades da simpática Sissi, para deleite das crianças que visitam a Escola.

 
 
 
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