Eleições na Grécia: Syriza forma governo
O presidente do Syriza, Alexis Tsipras vai ser oficialmente
designado como primeiro-ministro da Grécia às 14:00
(16:00 em Atenas), indicou hoje o gabinete do chefe de Estado
grego.
"Hoje, segunda-feira, às 16:00 (14:00 em Lisboa), Alexis Tsipras
vai ser oficialmente nomeado primeiro-ministro pelo presidente da
República, Caroulos Papoulias", refere um breve comunicado do
gabinete do chefe de Estado.
Tsipras, 40 anos, líder da maior força política grega, conseguiu
149 lugares do parlamento, não atingindo os 151 assentos que lhe
dariam a maioria absoluta.
O Syriza é obrigado a formar uma coligação governamental que já
foi anunciada pelos Gregos Independentes (nacionalistas com 13
deputados no parlamento), que aceitaram fazer parte do novo
executivo.
Recorde-se que o partido
anti-austeridade Syriza, de Alexis Tsipras, obteve uma clara
vitória nas eleições gerais na Grécia com 35,9% dos votos, quando
estão contados 50% dos boletins.
De acordo com estes dados,
oficiais, o Syriza elege 148 deputados, menos três do que os 151
necessários para a maioria absoluta.
Os conservadores da Nova
Democracia, atualmente no poder, obtiveram 28,3%, o que corresponde
a 78 deputados, e o terceiro partido mais votado foi o neonazi
Aurora Dourada, com 6,4% e 17 deputados.
Segue-se o partido centro-esquerda
To Potami (O Rio), com 5,8% dos votos e 16 deputados.
Depois surgem os comunistas do KKE,
com 5,4% e 15 deputados, e os socialistas do Pasok, com 4,8% dos
votos e 13 deputados.
Na cauda da lista surgem os Gregos
Independentes (direita nacionalista), com 4,7% dos votos e 13
deputados.
O novo partido do ex-líder
socialista e antigo primeiro-ministro Georges Papandreou fica fora
do próximo parlamento.
Tsipras, 40 anos, afirmou que "o povo escreveu História" e "deu
um mandato claro" ao Syriza, "depois de cinco anos de humilhação",
e assegurou que vai negociar com os credores uma "nova solução
viável" para a Grécia.
O líder do partido da esquerda radical Syriza, Alexis Tsipras,
conquistou o direito de formar um novo Governo na Grécia e
tornou-se, aos 40 anos, no rosto da contestação à política de
austeridade na União Europeia.
Nascido em Atenas em 28 de julho de 1974, alguns dias após o fim
da ditadura dos coronéis, Alexis Tsipras, de aspeto jovial, cultiva
um estilo descontraído: raramente usa gravata e tinha por hábito
deslocar-se para o parlamento de moto.
Casou-se com a namorada dos tempos do liceu, tem dois filhos,
vive numa casa alugada num bairro de Atenas e é adepto do
Panatinaikos, clube de futebol da capital grega.
Alexis Tsipras iniciou a atividade política nas mobilizações do
ensino secundário em 1990-1991, quando militava na Juventude
Comunista Grega, com ligações ao Partido Comunista Grego (KKE).
Na Universidade Técnica de Atenas, onde termina o curso de
engenharia civil, torna-se dirigente associativo e membro eleito
pelos estudantes para o senado da universidade.
Entre 1995 e 1997, integra o conselho central do Sindicato
Nacional de Estudantes da Grécia.
Após romper com o KKE, junta-se à Synaspismos, uma organização
da esquerda alternativa e o principal partido da coligação Syriza -
fundada em 2004, englobando mais 11 organizações radicais e que em
julho de 2013 formaram único partido.
Aos 25 anos, Tsipras torna-se no primeiro líder da juventude da
Synaspismos, que liderou até 2003, participando na organização dos
movimentos pela globalização alternativa e no Fórum Social
Grego.
Após as legislativas de 2009, torna-se no líder da bancada
parlamentar da ainda coligação Syriza, que em 2014, já como
partido, obtém uma clara vitória nas europeias, rompendo o
tradicional bipartidarismo de conservadores e socialistas.
Perfeccionista, Tsipras é definido como um orador respeitado e
temido pelos adversários políticos.
No seu gabinete do partido tem uma foto de Che Guevara e
dizem-no admirador do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez,
com quem partilhava a data de aniversário mas com 20 anos de
diferença.
Defensor dos direitos dos imigrantes e dos refugiados, faz a
ponte entre diversas gerações da esquerda militante grega e a
confirmação do seu carisma surgiu em 2014, ao ser apresentado como
candidato a presidente da Comissão Europeia pela Esquerda
europeia.
Com a vitória nas eleições de hoje, Alexis Tsipras confirmou-se
como alternativa política aos partidos tradicionais, na sequência
do "tratamento de choque" imposto à Grécia desde 2010, como
contrapartida a um avultado empréstimo internacional.