Portugal é um dos países da OCDE com maior percentagem de jovens
adultos com habilitações abaixo do ensino secundário, que por sua
vez estão associadas a taxas crescentes de desemprego, alerta a
organização internacional num relatório agora divulgado.
Numa atualização ao relatório 'Education at a Glance 2014',
publicado em setembro passado, a OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico) associa taxas de baixas
qualificações com as taxas de desemprego, ainda que admita que em
alguns países, como é o caso de Portugal, há um nível de desemprego
entre jovens adultos licenciados ou com outros graus académicos de
nível superior.
"Desde 2000 que se assiste a uma contração do mercado de
trabalho em todos os países da OCDE. Os níveis de emprego têm
baixado entre todos os níveis de habilitações, caindo, em média,
dois pontos percentuais entre 2000 e 2013. […] Ainda assim, em
todos os países da OCDE, as pessoas com níveis mais elevados de
habilitações são as que mais facilmente encontram emprego e, na
maioria dos países, são também as que correm menores riscos de
ficar desempregadas", lê-se no relatório.
Os dados apresentados relativos a Portugal indicam que menos
de 30% dos jovens adultos portugueses (entre os 25 e 34 anos de
idade) tinham habilitações ao nível do ensino superior em 2013,
enquanto a média da OCDE indicava um quadro de 17% de jovens
adultos com qualificações abaixo do ensino superior.
O relatório refere que Portugal, a par da Itália, México e
Turquia, tem das maiores percentagens de jovens adultos com baixas
qualificações, precisando que em Portugal e Espanha a percentagem
de população entre os 25 e 34 anos com qualificações inferiores ao
ensino secundário é superior a 30%.
A taxa de desemprego associada a níveis de habilitações
inferiores ao ensino secundário era em 2013 de quase 40% para as
mulheres e de quase 30% para os homens.
"Apesar de ainda haver perspetivas de emprego para
trabalhadores com baixas qualificações no mercado de trabalho dos
países da OCDE, o desemprego entre pessoas menos qualificadas
aumentou em alguns países todos os anos, entre 2000 e 2013. Por
exemplo, na Grécia, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, México, Holanda
e Portugal, o crescimento médio anual da taxa de desemprego entre a
população adulta com mais baixas qualificações é superior a
7%.
À exceção do México e da Islândia, todos os outros países têm
taxas de desemprego para adultos pouco qualificados de pelo menos
8%, e bastante acima das taxas de desemprego média do país",
escreve a OCDE.
No que diz respeito à população jovem com habilitações ao
nível do ensino superior, a taxa de desemprego fixava-se em 2013
nos 18,4%, afetando mais as mulheres (com uma taxa superior a 20%),
do que os homens (quase 15%).
Quanto aos chamados 'nem-nem', ou seja, jovens que não se
encontram integrados nem no mercado de trabalho nem no sistema de
ensino, Portugal registava em 2013, entre os jovens com idades
compreendidas entre os 20 e os 24 anos, uma percentagem superior a
20% de população completamente inativa.