Para cegos: bengala deteta declives e buracos
Uma bengala que utiliza ultrassons para detetar buracos e
declives está a ser desenvolvida na Universidade de Aveiro para
ajudar os invisuais, disse a instituição.
A bengala, já em fase de protótipo, produz vibrações no punho,
avisando com isso o utilizador que se aproxima, por exemplo, de uma
escadaria ou de um buraco no pavimento. O projeto nasceu no
Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI),
em resposta a um desafio lançado à Universidade de Aveiro pela
Associação Promotora do Ensino dos Cegos (APEC).
O objetivo é acabar com as centenas de acidentes sofridos
anualmente pela população invisual, muitos dos quais com
consequências graves, derivados dos obstáculos indetetáveis com uma
normal bengala.
"Dado que a informação possível de obter com esta bengala é
muito maior do que a que é possível obter com as que atualmente
existem no mercado, quanto mais informação a pessoa cega ou
amblíope tiver menos acidentes existem", congratula-se Victor
Graça, presidente da APEC.
Vitor Graça lembra que as barreiras abundam por todo o país:
"basta pensarmos, por exemplo, na enorme quantidade de carros
estacionados em cima do passeio, nas esplanadas, nos buracos, nas
obras não sinalizadas ou nos caixotes do lixo".
Segundo explica José Vieira, investigador do DETI e coordenador
do projeto, que contou com a participação dos estudantes Nuno Dias
e o Pedro Rosa, a bengala tem incorporado um emissor de ultrassons
que envia um sinal que é refletido pelo solo.
Dois recetores de ultrassons detetam o eco e medem o tempo entre
a emissão e a receção e é a partir desse tempo que se consegue
saber a distância ao solo. Quando ela ultrapassa um determinado
valor, o punho da bengala vibra.
"A eletrónica utilizada é de ultrabaixo consumo de modo a
prolongar ao máximo a duração das baterias", explica José Vieira
lembrando que "numa primeira versão incluiu-se uma célula
fotovoltaica para prolongar a duração das baterias".