Participação cívica em análise no Minho
Crianças estão limitadas
A escola e o
contexto municipal não têm espaços suficientes que fomentem a
participação cívica das crianças e dos jovens, conclui a tese de
doutoramento de Gabriela Trevisan, defendida no Instituto de
Educação da Universidade do Minho. O estatuto de "infância" coloca
os mais novos numa situação de fragilidade, sendo um dos principais
obstáculos à criação da ideia de criança-cidadã e da participação
política das crianças nos vários contextos.
A investigação, intitulada
"Infância e cenários de participação pública: uma análise
sociológica dos modos de codecisão das crianças na escola e na
cidade", teve como principal objetivo englobar análises
contemporâneas no quadro da cidadania e da participação política,
olhando para as crianças como elementos ativos e participativos dos
contextos de vida no espaço público.
Demonstrou-se que existem situações
preferenciais que incentivam o envolvimento dos mais novos em
determinadas questões. "Eles identificam os momentos ou as áreas em
que a sua participação é mais significativa e contribui para a
melhoria das instituições ou do espaço da cidade", explica a
autora, que contou com a coordenação do professor Manuel Sarmento,
um dos principais especialistas da área no país. "Quando essas
oportunidades são criadas, ainda que reconhecendo dinâmicas
assimétricas de poder entre adultos e crianças, e diferentes
constrangimentos à sua implementação, estes agentes tendem a
valorizar a sua posição social e acreditar que conseguem alterar a
imagem social cristalizada sobre a sua incompetência e/ou limitação
'natural' para participar", acrescenta a investigadora.
Gabriela Trevisan é natural do Porto e tem 39 anos. Licenciou-se
em Sociologia das Organizações na UMinho, onde também realizou o
mestrado em Sociologia e doutoramento em Estudos da Criança -
especialidade de Sociologia da Infância, sob supervisão do
professor Manuel Sarmento.