Jornalismo e dispositivos móveis
Novo debate na UBI
Numa época em que os dispositivos móveis atingem
taxas de penetração próximas dos 100 por cento nos países
ocidentais, e o jornalismo atravessa um período difícil de
adaptação às novas tecnologias, o incentivo à investigação no campo
de interseção destas duas áreas foi um dos objetivos centrais do
congresso Jornalismo e Dispositivos Móveis (JDM), que decorreu a 22
e 23 de novembro, no Auditório da Parada da Universidade da Beira
Interior.
Durante o evento foi dada
especial relevância ao futuro do jornalismo e à necessidade de se
explorar melhor a ubiquidade característica dos dispositivos
móveis. A sessão de abertura teve como título "Jornalismo Ubíquo" e
foi proferida por Ramón Salaverría, diretor do Center for Internet
Studies and Digital Life e professor de jornalismo da Universidade
de Navarra. Aquele académico defende que o jornalismo ubíquo
consiste em criar e oferecer conteúdos informativos
multissensoriais, produzidos conjuntamente por jornalistas,
usuários e sensores que se espalham de acordo com o padrão de
consumo de cada indivíduo.
Na sessão de encerramento,
Eduardo Pellanda, coordenador do laboratório Ubilab e professor da
Famecos-PUCRS, voltou ao tema ao falar sobre "O que a ubiquidade
nos ensinou?" afirmando que todas as tecnologias foram reinventadas
nos últimos dez anos, sendo que muitas delas ainda não foram
absorvidas na sua plenitude. Pellanda defende que com a mobilidade
a nossa forma de pensar é mais fragmentada, olhando para o
crescimento de uma nova internet, a internet das coisas.
A tarde do dia 22 trouxe a
experiência prática das vantagens e desafios da utilização das
novas ferramentas tecnológicas disponíveis através de profissionais
da área. Alexandre Brito, subdiretor de Informação da RTP; Diogo
Queiroz Andrade, diretor adjunto do jornal Público; Rui Ferreira,
diretor-editorial do projeto Future Behind; e Pedro Monteiro, do
grupo Impresa, formaram a mesa de jornalistas.
O evento incluiu ainda cinco
mesas de comunicações científicas onde um leque internacional de
investigadores explorou diferentes objetos de estudo inseridos em
quatro grandes temas definidos pela organização. "Formas de
distribuição de conteúdos para dispositivos móveis", "Modelos de
negócio para o jornalismo móvel", "Novas linguagens e novos
formatos jornalísticos" e "Os dispositivos móveis como ferramentas
de produção" foram os temas abordados nas 26 comunicações
científicas.
Francisco Nascimento e José Machado dos Santos
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