Canteiros, a arte de trabalhar a terra
O livro "Canteiros e Pedreiros de Alcains", edição
RVJ Editores, foi apresentado no passado dia 16 de novembro, no
Centro Cultural daquela vila. O autor, Florentino Beirão, diz que
há "toda uma longa geração de pais, filhos e netos que fizeram
desta profissão (canteiro ou pedreiro) o seu projeto de vida, entre
as décadas de 40 a 70 do séc. XX, tanto na sua terra, junto das
suas famílias, como noutras paragens do nosso país e no
estrangeiro".
Com este trabalho, o investigador
homenageia os pedreiros e os canteiros de Alcains. "Este trabalho
foca-se sobretudo na geração dos canteiros e pedreiros que fizeram
a sua aprendizagem e trabalharam nas pedreiras de Alcains, ao longo
das décadas de 40-70 do séc. XX, muitos deles, já descendentes de
gerações de profissionais que trabalharam o granito", explica o
autor, na nota introdutória.
A excelência dos canteiros e
pedreiros de Alcains é sublinhada por Florentino Beirão para quem
"a qualidade do seu trabalho foi de tal modo dando nas vistas, que
uma boa parte deles foi galgando os muros da sua terra, emigrando
para várias regiões do país".
O autor explica que "muitas das
crianças do sexo masculino, quando completavam a escola primária,
eram logo colocadas pelas suas famílias numa pedreira, para
aprenderem a arte.
Depois da fase de aprendizagem, os
mais jovens, iam-se tornando autónomos profissionalmente, chegando
alguns a atingir a categoria de mestres ou empresários. Se o
trabalho ou o ordenado minguava na sua terra natal, logo era
procurada uma alternativa noutra zona do país ou no estrangeiro,
através de contactos familiares ou de colegas de profissão",
conta.
Na concretização deste trabalho de
investigação, Florentino Beirão destaca o apoio que teve por parte
do município albicastrense.
Luís Correia, presidente da autarquia, revela, no seu
testemunho, que "a cantaria e os lanifícios foram histórica,
económica e socialmente duas das mais importantes atividades
desenvolvidas no concelho de Castelo Branco, sendo que a sua
relevância se prolongou no tempo até há escassos anos. Não por
acaso, ao nível da preservação do agora designado património
industrial, a Câmara de Castelo Branco apostou na preservação e
musealização de dois espaços emblemáticos no que respeita a estas
atividades: o Solar Ulisses Pardal, em Alcains, onde está instalado
o Museu do Canteiro e a Fábrica da Corga, em Cebolais-Retaxo, onde
funciona o Museu dos Lanifícios - MUTEX".