Quatro Rodas
A origem da nossa paixão
Estamos em número de aniversário, mais
própriamente a comemorar o 14º
aniversário do nosso Ensino Magazine. Embora só tenha
começadado a ocupar o "meu espaço" já na segunda metade deste
percurso, acompanhei o nascimento deste projecto e constatei o
entusiamo com que foi criado. É certamente devido a esse entusiamo,
e motivação da equipa, que o projecto continua forte. Pode mesmo
dizer-se que trabalhar nas coisas de que se gosta, nem sequer pode
ser considerado trabalho e nestes casos o resultado final tem
sempre muito mais valor.
Também os temas sobre os quais aqui
escrevo resultam de uma paixão que tem mais de trinta anos, por
isso, estar neste meio, seja escrevendo, seja organizado, seja
participando, ou mesmo no papel de dirigente, continua a ser um
prazer enorme.
Por ser a melhor pessoa para o
fazer, deixo para o nosso diretor a tarefa de um dia contar como
nasceu a paixão do Ensino Magazine. Quanto à minha paixão pelo
desporto automóvel , será nesta crónica que lhes vou contar como a
minha memória ainda recorada a forma como me deixei apanhar por
este "vício".
Se bem me lembro, tudo começou
quando no final dos anos sessenta a minha família foi morar para
perto do largo de S. Marcos, local onde a rapaziada se reunia para
as brincadeiras de então. De entre as várias actividades da malta,
estava um dia reservado para a troca de recortes de fotos de
jornais. Numa sociedade dominda pelo futebol, apercebi-me que havia
algumas trocas relacionados com pilotos e carros de formula 1 e
rallyes. O certo é que aquilo me entusiamou e com o dinheiro da
mesada comprei logo o jornal "motor", onde pude absorver com
sofreguidão as notícias e as cores daquele mundo. Estávamos então
no início dos anos setenta.
Não me foi possível continuar a
comprar o jornal com assiduidade, mas lá fui arrajando uns grupos
de interesse, onde se discutiam as corridas e os novos modelos de
automóveis que iam aparecendo.
Lembro-me que entretanto consegui
convencer o meu pai a levar-me assistir a um ou outro rali e até
que me levasse ao circuito de Vila do Conde.
Mas foi em 1979 que pela primeira
vez estive do lado de dentro de uma organização. Tudo começou com
uma visita ao POP CROSS de Portalegue. O senhor Raul Romãozinho era
muito amigo do meu pai e nesses dias dias falavam muito das
corridas de POP CROSS, porque o senhor Raul era famíliar do grande
piloto Francisco Romãzinho que teve um importante papel na
introdução desta modalidade em Portugal. Dessa visita a Portalegre,
resta a foto que hoje partilho. Foi no entanto uma visita ainda no
papel de espectador, mas fiquei deveras impressionado com o que vi,
naquela pista desenhada bem perto da praça de toiros desta cidade
alentejana, onde os Citroen 2CV deram um espataculo
inesquecivel.
Apercebi-me então que também na minha terra iria disputar-se uma
prova do campeontao de POP CROSS. Meio tímido, aventurei-me sozinho
a falar com os organizadores que me reservaram um papel fiscal de
pista…sim esses que mostram as bandeiras aos pilotos. Tinha então
acabado de fazer 17 anos e tentei desempenhar a minha tarefa com o
maior rigor . O certo é que foi nesse dia que começou uma longa
história de devoção "à causa" e cujo final, espero, ainda vai
demorar uns anos a escrever.
Paulo Almeida
Direitos Reservados