Politécnico

Investigação
E do sorgo se faz combustível!

jose_monteiro.jpgA região tem condições favoráveis para a produção de sorgo sacarino como matéria prima para a criação de biocombustíveis. Esta é uma das conclusões da tese de doutoramento de José Tomás Monteiro. Os resultados finais da investigação surgem numa altura em que a construção de uma unidade agro-industrial de transformação de Sorgo Sacarino e Cereal em álcool e de transformação de biomassa para co-geração, em Idanha-a-Nova, é dada como certa já este ano.

José Monteiro, que defendeu a tese na Universidade de Praga, na República Checa, revela que a sua produção e posterior transformação para biocombustíveis, essencialmente bioetanol, aponta para valores muito competitivos.

Em nota enviada à imprensa pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco, o docente da Escola Superior Agrária (ESACB) adianta que "a cultura poderá ser ainda melhor rentabilizada se ao álcool etílico for acrescentada a produção de biogás, de electricidade e calor - em regime de cogeração - a partir dos seus subprodutos".

Para desenvolver a investigação foram efectuados ensaios de campo da cultura do sorgo sacarino, instalados na ESACB, Quinta da Srª. de Mércules (Castelo Branco), no Ladoeiro (Idanha-a-Nova) e em Perais (Vila Velha de Ródão).

Na sua investigação, José Tomás Monteiro, fez também uma avaliação do comportamento agronómico da cultura, tendo em conta a densidade de sementeira, as variedades utilizadas e sua influência sobre a produção e as qualidades industrialmente relevantes da biomassa assim obtida. Paralelamente foi avaliado o potencial de produção de álcool etílico por fermentação directa do sumo dos caules das plantas.

José Tomás Monteiro estudou também a viabilidade de concentração deste sumo, com produção de melaço (ou "xarope"), doce e estável, facilmente armazenável, para posterior utilização no processo de fermentação e produção de etanol, aspecto muito relevante para a industrialização deste tipo de matérias-primas doces.

Outro dado importante que resulta do estudo é a qualidade da biomassa remanescente do processo de extracção do sumo ("bagaço") e a possibilidade de a conservar sob a forma de silagem, a utilizar na alimentação animal ou mesmo na produção de outras fontes de energia, como o biogás. Além disso, aquele subproduto poderá ainda ser valorizado no abastecimento de unidades de co-geração de calor e electricidade "verde".

Os resultados apurados constituem uma mais valia para possíveis investidores. A empresa AADITYA, por exemplo, pretende construir uma unidade agro-industrial de transformação de sorgo sacarino e cereal em álcool e de transformação de biomassa para co-geração, num investimento que poderá ultrapassar os 30 milhões de euros (dividido por três anos).

À frente desse investimento está o empresário indiano Dilipcumar Dulobdas, responsável pela empresa AADITYA, a qual irá levar a cabo o projecto. "A obra vai iniciar-se durante o primeiro semestre de 2012 e deverá ficar concluída 15 meses depois", disse aquele responsável.

 
 
 
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