Universidade

Investigação de Braga mostra
Feriados e democracia

Emilia Araujo.jpgEmília Araújo, docente do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho, afirma que a eliminação de quatro feriados e do Carnaval não foi uma decisão política democrática em Portugal. Para a socióloga, esta medida visa principalmente fazer acreditar à Europa que os portugueses estão no "bom caminho", além de reduzir a probabilidade de serem acusados de "preguiçosos". "É como se a sociedade existisse apenas para retirar do indivíduo o tempo usável em atividades imediatamente rentáveis", acrescenta a investigadora.

O problema não é a abolição de feriados em si, mas o que estas situações implicam na reorganização familiar e social: "Onde é que os pais podem deixar os filhos sem aulas ou os idosos? O que fazer com todas as tarefas deixadas propositadamente para estes dias?" são algumas das questões que, segundo a académica, merecem maior reflexão. "Esta diminuição do tempo livre obriga a malabarismos que têm consequências sistémicas para as famílias, as organizações, que terão uma maior taxa de ausência, e os próprios indivíduos", vinca a socióloga, que estuda a relação entre a cultura, as políticas e o tempo.

A solução está na implementação de novas políticas, como a reestruturação dos horários escolares, demasiado estandardizados e incompatíveis com muitos pais; a socialização dos governantes quanto à abertura dos serviços, entre os quais supermercados, do serviço público e das entidades culturais, que não condizem com a disponibilidade dos cidadãos.

 
 
 
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