António Fidalgo, reitor da Universidade da Beira Interior
UBI, um centro de vivências
O reitor da Universidade da Beira Interior faz um
balanço positivo dos primeiros meses de mandato. Deste período
António Fidalgo destaca a eleição para todas as unidades orgânicas
da UBI e a candidatura aos novos centros de investigação da
Fundação de Ciência e Tecnologia.
O reitor da UBI define como
principal eixo estratégico da sua linha de ação, animar a
universidade de forma a criar um centro de vivência, de estudo e de
investigação. "Isso consegue-se dinamizando-se espaços. Por
exemplo, uma das minhas grandes batalhas era a reanimação da
biblioteca, o que está a ser conseguido de uma forma
extraordinária. Muitos mais alunos frequentam a biblioteca e fazem
dela um lugar privilegiado de estudo", refere.
E se no entender do reitor, a UBI
ganhou um novo dinamismo, a um outro nível António Fidalgo defende
medidas de descriminação positiva para as instituições de ensino
superior do interior do país. "Desde logo deveria existir uma
política de coesão territorial, pois a questão transcende em muito
as instituições de ensino superior. Se não houver uma política de
equilíbrio de todo o território nacional, então será uma batalha
perdida. Ou seja, têm que existir medidas globais que envolvam toda
a sociedade e a economia da região".
O reitor da UBI aponta o
investimento como um dos fatores importantes para essa coesão. "Nós
precisamos de investimento. Se tivermos um forte investimento
público e empresarial, até podemos dispensar outras medidas de
apoio ao ensino superior, pois nessa altura teremos candidatos. O
que faz falta é uma dinâmica demográfica, económica e social. Se
tivermos isso, a própria sociedade regional terá os candidatos
suficientes para o funcionamento das instituições de ensino
superior do interior".
No entender de António Fidalgo
chegou-se a um ponto em que "têm que se congregar todas essas
medidas. As instituições de ensino superior são o instrumento mais
indicado para o poder central exercer políticas coerentes de coesão
territorial e de planeamento. Isto porque estamos a falar de uma
população jovem que se pode deslocar do litoral para o interior e
tende a fixar-se no interior". Algo que pode ser feito
"aproveitando os recursos que o ensino superior tem e com isso
promover a coesão territorial para benefício do próprio litoral.
Nós temos partes do litoral que estão sobrecarregadas, que têm
problemas de infraestruturas e de urbanismo que se podem resolver
havendo uma melhor distribuição da população pelo território
nacional".
António Fidalgo explica que a
atribuição "das vagas para o concurso nacional de acesso é
fundamental para a implementação dessas políticas". A questão não é
nova e passou por vários governos. O reitor da UBI reconhece que
"os políticos tendem a responder aos votos. Mas neste caso, a
solução não é tão difícil. As pessoas deslocam-se onde há oferta
educativa. Agora tem que haver um órgão que faça a administração
das vagas. Esse é um instrumento fundamental, que está nas mãos do
poder central, e que poderá implementar uma política educativa ao
nível do ensino superior. Portugal tem uma rede de ensino bem
distribuída em termos geográficos, só que ela não corresponde à
demografia. Portanto, o concurso nacional de acesso é uma maneira
que o Governo tem de ajustar o desequilíbrio demográfico a uma bem
distribuída rede de ensino superior".
A implementação de bolsas de
mobilidade (+ Superior) para os alunos que queiram estudar no
interior, é também vista como uma mais-valia. "O ensino superior
perdeu alunos devido à situação económica das famílias. A
atribuição dessas bolsas vai trazer candidatos que saíram do
sistema e permitir uma mobilidade de estudantes. Para além disso,
há certamente bons alunos que estão no litoral e que não se
importam de vir estudar para o interior, onde a qualidade também é
assegurada".
Outra das medidas que António
Fidalgo vê como positiva é a aprovação do estatuto do aluno
internacional. Um estatuto que permitirá às instituições acolherem
alunos de outros países e de outros continentes. "Portugal tem
cerca de 10 a 15 mil vagas sobrantes no ensino superior. Mas quando
olhamos para o exterior, verificamos que há uma procura enorme dos
países em desenvolvimento por um ensino de qualidade. As
universidades portuguesas têm qualidade reconhecida, pelo que são
altamente competitivas. No caso português, existe um país emergente
que é o Brasil, cuja oferta pública nem cobre 20% da procura. Ou
seja, no Brasil existem seis milhões de alunos brasileiros a
terminarem o ensino secundário, e as universidades públicas
brasileiras não chegam a acolher um milhão de alunos. Basta uma
pequena parcela do mercado brasileiro para resolver o problema do
excesso de vagas em Portugal".
António Fidalgo assegura que a
"UBI está a trabalhar para que no momento em que esse diploma for
aprovado, a universidade avançar para esse mercado". Uma aposta que
será feita também através da divulgação da UBI no Brasil e por
parcerias com universidades brasileiras. "Todas as universidades
estão em condições de entrarem no mercado brasileiro e lutarem
pelos melhores alunos", diz.