Motor

Quatro Rodas
Mais um ataque ao setor automóvel

Paulo AlmeidaNos últimos dias a comunicação social não fala de outra coisa que não seja, orçamento, orçamento, orçamento e agora aparece um novo documento, não menos importante, que é a errata do orçamento. Fala-se de tudo isto, como se os portugueses dominassem o vocabulário do mundo das finanças, como dominam uma discussão sobre futebol. Como se não bastasse, cada vez que começamos a ter capacidade de processar alguma informação, voltam a baralhar-nos com neologismos e conceitos fabricados, que servem de escape aos políticos para explicarem o que não conseguem fazer. Para mim, é simples, o país tem que exportar mais do que importa, se assim for, gera riqueza suficiente para entregar os recursos necessários ao bem comum, que são depois geridos por essa instituição a que decidimos chamar Estado.

O Estado tem as suas despesas, que deveriam ser apenas aquelas que decorrem da prestação dos serviços necessários ao desenvolvimento da nossa sociedade, mas parece que não é bem assim…

Para fazer face às despesas, temos que recolher receitas, e a quantidade de receitas recolhidas, vai ditar a quantidade e qualidade dos serviços que o Estado nos pode proporcionar.

setorautomovel.jpgNum sistema perfeito, os políticos deveriam explicar, nas campanhas eleitorais, quais as suas ideias sobre os serviços a prestar e a forma como vamos recolher as receitas para pagar esses serviços. Depois, nós os cidadãos, escolheríamos em eleições.
Sendo uma pessoa medianamente atenta, não me lembro de ter ouvido na última campanha eleitoral algumas das ideias que aparecem na proposta de orçamento ou na errata da mesma.

Entre outros, anuncia-se AGORA, um autêntico massacre de impostos sobre o setor automóvel e combustíveis, situação que arrasta também o setor transportador. À primeira vista, estas medidas podem até parecer populares, mas acho que devia haver mais respeito relativamente a estes setores. Sem querer invocar esta ou aquela fonte, se olharmos para uma qualquer tabela das empresas mais exportadoras, podemos ver que, no TOP10, há pelo menos 6, que estão diretamente ligadas a este setor. É pois o setor que mais emprego gera, e que, com os seus impostos, contribui para pagar as despesas que o estado tem. Abusar deste setor pode pois ter o efeito contrário. Em vez de se conseguir mais receitas, este abuso pode baixar o consumo destes produtos, e mesmo dar origem à fuga ou fecho de empresas. Já agora posso acrescentar que, este ano, vamos receber 3 campeonatos mundiais de automobilismo, com forte influência no turismo. É de esperar pois uma reação da entidade federativa a esta situação. Como diz o proverbio, podemos estar a matar a galinha dos ovos de ouro.

Parece, no entanto, que ainda não é desta que vamos atacar a despesa… é mais fácil atacar o setor automóvel.

Paulo Almeida
Este texto nã foi redigido segundo o novo acordo ortográfico.
 
 
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