Satélite português vai para o espaço depois dos testes em Castelo Branco
O primeiro
satélite português deverá estar concluído dentro de dois a três e
será testado no laboratório do ISQ em Castelo Branco. O
investimento é de cerca de novo milhões de euros e o satélite será
o primeiro de uma futura constelação de 12 satélites idênticos que
serão construídos e lançados nos anos seguintes. Fazem parte deste
consórcio nove empresas da área do espaço - Tekever, Active Space
Technologies, Omnidea, Active Aerogels, GMV, HPS, Spin Works, entre
outras - e dez centros de I&D (investigação e desenvolvimento)
de várias universidades e laboratórios de investigação de todo o
país que trabalham em espaço, como por exemplo o ISQ que é uma
referencia na área da aeronáutica e
espaço.
O anúncio foi
feito ao Ensino
Magazine pelo administrador
executivo daquele grupo, Correia da Cruz,
à margem da apresentaçção do
Projeto SIM4.0 - Sistemas
Inteligentes de Monitorização para o tecido industrial
nacional,num evento que
contou com a presença
de
Erastos Filos, da Comissão Europeia, Luís
Correia, presidente da Câmara albicastrense, António Fernandes,
vice-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco e José
Páscoa, vice-reitor da Universidade da Beira Interior, entre outros
especialistas.
De resto, a
relação entre o ISQ e o ensino superior foi sublinhada por Correia
da Cruz. "Essa ligação é fundamental. O ISQ está numa componente de
investigação mais alta, próxima da inovação, das aplicações finais
e da sua implementação em casos concretos. Mas precisamos sempre de
um conhecimento ao nível de desenvolvimento inicial de projetos e
isso tem que ser feito em colaboração com as instituições de ensino
superior. Continuamos a receber alunos de mestrado e doutoramento.
Tem sido muito importante para nos «alimentar» os recursos humanos,
mas também para a utilização da capacidade instalada nas
universidades e politécnicos )massa cinzenta) que nos podem ajudar
no desenvolvimento dos nossos projetos e
programas".
ESPAÇO
O
satélite
será desenvolvido no âmbito do Projeto Infante,
aprovado pela Agência Nacional de Inovação (ANI) para ser
cofinanciado pelos fundos estruturais da União
Europeia.
"O ISQ participa
neste projeto através da montagem, integração e ensaio desse
satélite. E esses ensaios serão feitos em Castelo Branco. O projeto
arrancou agora e tem a duração de quatro anos, pelo que dentro de
dois deveremos fazer os ensaios", explica Correia da
Cruz.
O satélite deverá
ser lançado até ao final de 2020. Pedro Matias, presidente do ISQ,
em nota enviada à comunicação social, assegurou que "este é o
primeiro satélite português totalmente desenvolvido e construído no
país. Esta é uma área que conheço bem pois já há alguns anos tinha
acompanhado o processo do PoSAT (1993), do professor Carvalho
Rodrigues do então INETI que, embora construído por empresas e
laboratórios portugueses, era essencialmente um projeto de
transferência de tecnologia". Agora, disse, "a grande novidade foi
conseguir preparar um consórcio que envolve praticamente todas as
empresas e institutos de investigação que trabalham nesta área em
Portugal".
O laboratório de
Castelo Branco é hoje reconhecido internacionalmente e tem vindo a
realizar ensaios de ponta para as industrias aeroespacial e
aeronáutica. Correia da Cruz, dá o exemplo do "desenvolvimento dos
componentes do escudo térmico para o vaivém espacial europeu (...)
Temos sempre a porta aberta e temos tido solicitações da Agência
Espacial Europeia no sentido de estarmos envolvidos noutros
programas de ensaios".
Na aeronáutica,
os testes para a Embraer, terceiro maior fabricante mundial de
aviões, para um novo modelo de asa, também são referência. "O
desenvolvimento deste laboratório como um centro de desenvolvimento
de produtos é o nosso grande objetivo, colocando a nossa grande
capacidade e disponibilidade ao dispor da industria", explicou
Correia da Cruz, enquanto dava mais um exemplo dos ensaios
realizados para a industria automóvel
(componentes).
DIGITALIZAÇÃO
Oprojeto SIM4.0 - Sistemas
Inteligentes de Monitorização para o tecido industrial
nacional, representa
uminvestimento global de 572
mil 761,50 euros. O objetivo é chegar às pequenas e médias
empresas, permitindo-lhes a transferência de conhecimento no
domínio da monotorização inteligente de equipamentos e sistemas,
possibilitando também uma maior aproximação com a comunidade
científica.
Correia da Cruz
considera que "este projeto é uma boa contribuição" para que as
empresas possam apanhar e acompanhar o comboio do desenvolvimento.
"A ideia é trazer experiências de outros setores da indústria e de
grandes empresas para a realidade das PME's e poder implementá-las,
noutros setores industriais como a indústria de bens de
equipamentos e de componentes, e no agroalimentar", como
refere.
"Iremos ter
contactos com as empresas e estes eventos servem para isso. Vamos
falar com elas para percebermos as dificuldades que têm, para que
em conjunto possamos implementar sistemas digitais à resolução dos
seus problemas, seja na área da manutenção preventiva, em sistemas
industriais e de automação, seja da monitorização de processos",
explica Correia da Cruz.
Para Luís
Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco, "esta
transformação é uma oportunidade para as empresas, mas também para
nós intervirmos na região". O autarca falava na sessão de abertura
do evento. "É importante percebermos o que está a acontecer com a
entrada das tecnologias de informação e comunicação nos diferentes
setores, mas também é importante promover uma interligação entre
todos. E nisto a autarquia pode ajudar, criando infraestruturas que
apoiem um setor ou vários setores", reforçou, depois de frisar a
presença do ISQ na cidade e a disponibilidade da autarquia em
continuar a colaborar.
Na sessão de
abertura, António Fernandes, vice-presidente do Instituto
Politécnico de Castelo Branco (e presidente eleito), sublinhou o
relacionamento que a sua instituição tem com o ISQ e elogiou o
facto do projeto chegar a Castelo Branco. "Deste modo vai
colmatar-se alguma falta de informação sobre esta área. As
tecnologias de comunicação aumentam a eficácia e a eficiência nas
empresas", disse. Aquele responsável falou também no processo
formativo e nas exigências que as empresas e os seus colaboradores
terão no futuro: "Os menos qualificados vão desaparecer. Caberá às
instituições de ensino dar resposta à formação para as profissões
do futuro e nós IPCB estamos disponíveis e empenhados nisso".
Também José Páscoa, vice-reitor da UBI, mostrou-se satisfeito com o
projeto, lembrando "que a universidade é parte interessada na
transferência de tecnologia".
No encontro, que
permitiu a partilha de experiências e de diferentes visões sobre o
tema, intervieram diferentes responsáveis, entre os quais Erastos
Filos, da Comissão Europeia, mas também Nuno Vieira (COTEC),
Rogério Dionísio (ESTCB), Joaquim Menezes (Ibermoldes), António
Mira (Siemens) e Miguel Ferreira (Vicort).