Sismos em Portugal
A terra vai tremer
Uma equipa de investigação do
Instituto de Ciências da Terra (ICT) da Universidade de Évora
publicou numa revista internacional, pela primeira vez, o mapa de
intensidades máximas observadas (IMO) para Portugal, que identifica
as zonas com maior incidência sísmica em Portugal continental. O
anúncio é feito pela própria universidade, através do seu jornal on
l
ine.As áreas com maiores
intensidades sísmicas observadas em território continental
correspondem à região do Vale inferior do Tejo, a toda a orla do
sudoeste português e ao Algarve. De acordo com Mourad Bezzeghoud,
geofísico co-autor do artigo científico publicado na revista
Sismological Research Letters "o perigo sísmico no continente e
Açores é significativo".
As áreas de maior concentração
demográfica coincidem com as zonas com intensidades sísmicas
observadas mais elevadas, situação que, alerta o investigador,
"conjugada com a inadequada capacidade de grande parte do nosso
edificado resistir satisfatoriamente a fortes solicitações
sísmicas" coloca "uma parte importante da população portuguesa numa
situação de risco sísmico considerável".
Para produzir o mapa de IMO, a
equipa analisou a sismicidade em Portugal entre 1300 e 2014, num
total de 175 sismos, recorrendo para isso a dados do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), incluindo documentos
históricos, onde constam relatos e descrições dos maiores sismos
ocorridos em determinada região e, para eventos mais recentes, aos
catálogos sísmicos que apresentam já um registo instrumental, a
partir da década de 1940.
Aproximadamente cem anos separam os três sismos com magnitude
superior a 8.0 na escala de Ritcher ocorridos no período em estudo:
em 1755, com epicentro na costa, sentido em toda a Europa e seguido
de tsunami em Portugal, Golfo de Cádiz e Norte de Marrocos; em
1858, com epicentro ao largo da costa e em 1969, seguido de um
tsunami pouco intenso.
Adaptar tanto edifícios
habitacionais como outras estruturas, desde barragens a pontes e
viadutos, às solicitações dinâmicas do solo é um fator determinante
na redução do número de vítimas durante um sismo, salienta o
investigador Isto porque apesar dos avanços da sismologia nos
últimos 60 anos, a ocorrência de sismos continua associada a um
elevado grau de incerteza.
Por isso, a minimização dos riscos
está, em primeira instância, nas mãos duma rigorosa definição de
zonas com diferentes níveis de perigo.
O zonamento da perigosidade sísmica
é, assim, "crítico", na medida em que "pode apoiar a tomada de
decisões relativamente à localização e qualidade da
construção".
Prever um sismo a curto prazo, isto
é, com antecedência de horas ou semanas, não é possível mas,
adianta o investigador "existem metodologias bastante afinadas para
a previsão longo prazo. Por exemplo, o sismo que ocorreu no Chile
em 29 de março de 2010, com magnitude de 8.8 (M=8.8), era esperado
desde a década de oitenta.