Opinião

Brinquedos versus tecnologia
Brincoterapia no mundo atual

brinco.jpgA Brincoterapia é uma metodologia baseada em educação não formal, na qual a prática de atividades lúdicas é valorizada, cada vez mais no mundo atual. Contudo as metodologias tecnológicas tem ganho um papel relevante na educação e no dia a dia das crianças e o seu futuro dirigido e direcionado da nossa sociedade para as tecnologias.
O "Brincar" tem perdido espaço e deixou de ser encarado como uma "terapia", capaz de ancorar os benefícios de que o ser humano precisa para reforçar as competências no seu dia-a-dia.
Na conceção abrangente do ser humano, denotam-se os efeitos destruidores, de se terem largado os princípios que, há décadas, nos davam as ferramentas indispensáveis para a construção da socialização e das nossas competências de cidadania.
Contudo, quando falamos do Brincar, aparece como algo apagado ou em vias de dissolução. A essência do Brincar, nos dias de hoje, perdeu o reconhecimento e perdeu a "Magia". Os pais concebem, para os seus filhos, "menus", programas, "pilhas" de atividades para compensarem a falta de tempo que deveriam dedicar-lhes.
Com a tão abundante ocupação diária, com agendas exageradamente preenchidas, e com a invasão das novas tecnologias em todas as suas rotinas, as crianças perdem o espaço para Brincar.
Os pais recorrem a todos estes pretextos como forma de acalmar os medos e receios que o quotidiano das sociedades modernas lhes causam. Mas o dia a dia das crianças perdem a espontaneidade, a autonomia e a criatividade.  
A necessidade de brincar é intrínseca ao ser humano (na sua essência mais natural, tal como nos animais). É nesses momentos que ganhamos ferramentas de desenvolvimento para o nosso futuro. O facto de não poderem Brincar livremente, na atualidade, conduz inevitavelmente os jovens a uma menor interação social, a um menor desenvolvimento de competências, a uma menor capacidade de construção e aquisição de valores, comprometendo os progressos da sua imaginação, das suas emoções, inclusive dos seus sentimentos perante o mundo.
Nestes campos o Brincar é cada vez mais necessário para as crianças, uma vez que os adultos apenas preveem para elas atividades que se enquadram num perfil formatado pelo modelo e organização diária dos próprios adultos.
O direito da criança, Brincar livre e criativamente fica-lhe então interdito.  A criança perde o direito a ser feliz Brincando.
É nesta aceção que colocamos a necessidade de se reintroduzir o Brincar no dia a dia das crianças, como "terapia" para trazer de volta as suas competências mais genuínas, para a construção do seu futuro.
Qualquer atividade que permita brincar, permitirá também uma melhor comunicação, uma conexão ao pensamento, às ações exploratórias que irão ajudar no desenvolvimento da criança a todos os níveis.
A Escola como elemento constitutivo do triângulo: educação, família e indivíduo, deve integrar o brincar no processo educativo, como uma ferramenta para ganhar competências, como uma terapia para diminuir os problemas de falta de concentração, de falta de autonomia, de modo a potenciar a socialização, a imaginação e a criatividade da criança.
Brincar é a melhor terapia para crianças e adultos. É essencial independentemente da idade. Não podemos deixar que o brincar se extinga… brincar faz parte da nossa cultura, faz parte do ser humano. Talvez por isso o brincar seja essencial e terapêutico, até. A componente lúdica tem de ganhar maior relevância; não podemos deixar que se anule o tempo para brincar; não podemos permitir que as tecnologias ocupem o tempo de brincar livremente, o tempo fundamental da descoberta inerente à construção e ao crescimento individual.
As instituições educativas e académicas (enquanto lugares da reflexão e da investigação acerca dos conceitos) devem criar espaços de brincoscience, para que a ciência do brincar seja valorizada e para que o brincar seja de novo levado e ensinado às crianças. Por que tudo se encontra ligado, uma vez que brincar permite desenvolver competências, melhorar o bem-estar, melhorar a saúde, física e mental, estabelecer regras e valores, aprender a respeitar, a ouvir, a ser criativo e levar mais longe a sua imaginação.
Nas escolas ou na natureza, em espaços amplos, com unidades móveis ou fixas, onde as crianças, os jovens e os adultos (toda a comunidade) podemos desenvolver a "ciência" do brincar. As possibilidades são ilimitadas, desde a exploração de brinquedos, de jogos livres, de jogos de tabuleiro e outros. Todos os espaços são possíveis, mais convencionais ou mais alternativos, de socialização ou de exploração individual, importa sobretudo proporcionar à criança oportunidades de manusear, explorar, construir, inventar materiais lúdicos. A atividade lúdica pode misturar-se com a atividade educativa e pedagógica, e o brincar poderá fazer interagir a criança com os seus familiares, os seus pais, as outras crianças, toda a comunidade que o rodeia.
Promover a (re)descoberta do prazer da socialização, permitir às crianças serem felizes, não fazer da agenda das crianças a cópia dos condicionalismos dos adultos, irá colocar na ordem do dia o respeito pelos Direitos das Crianças, o direito ao brincar, o direito ao seu espaço, à sua liberdade, a ter asas para criar e voar… SER FELIZ

 
 
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