Brinquedos versus tecnologia
Brincoterapia no mundo atual
A Brincoterapia é uma metodologia baseada em
educação não formal, na qual a prática de atividades lúdicas é
valorizada, cada vez mais no mundo atual. Contudo as metodologias
tecnológicas tem ganho um papel relevante na educação e no dia a
dia das crianças e o seu futuro dirigido e direcionado da nossa
sociedade para as tecnologias.
O "Brincar" tem perdido espaço e deixou de ser encarado como uma
"terapia", capaz de ancorar os benefícios de que o ser humano
precisa para reforçar as competências no seu dia-a-dia.
Na conceção abrangente do ser humano, denotam-se os efeitos
destruidores, de se terem largado os princípios que, há décadas,
nos davam as ferramentas indispensáveis para a construção da
socialização e das nossas competências de cidadania.
Contudo, quando falamos do Brincar, aparece como algo apagado ou
em vias de dissolução. A essência do Brincar, nos dias de hoje,
perdeu o reconhecimento e perdeu a "Magia". Os pais concebem, para
os seus filhos, "menus", programas, "pilhas" de atividades para
compensarem a falta de tempo que deveriam dedicar-lhes.
Com a tão abundante ocupação diária, com agendas exageradamente
preenchidas, e com a invasão das novas tecnologias em todas as suas
rotinas, as crianças perdem o espaço para Brincar.
Os pais recorrem a todos estes pretextos como forma de acalmar os
medos e receios que o quotidiano das sociedades modernas lhes
causam. Mas o dia a dia das crianças perdem a espontaneidade, a
autonomia e a criatividade.
A necessidade de brincar é intrínseca ao ser humano (na sua
essência mais natural, tal como nos animais). É nesses momentos que
ganhamos ferramentas de desenvolvimento para o nosso futuro. O
facto de não poderem Brincar livremente, na atualidade, conduz
inevitavelmente os jovens a uma menor interação social, a um menor
desenvolvimento de competências, a uma menor capacidade de
construção e aquisição de valores, comprometendo os progressos da
sua imaginação, das suas emoções, inclusive dos seus sentimentos
perante o mundo.
Nestes campos o Brincar é cada vez mais necessário para as
crianças, uma vez que os adultos apenas preveem para elas
atividades que se enquadram num perfil formatado pelo modelo e
organização diária dos próprios adultos.
O direito da criança, Brincar livre e criativamente fica-lhe então
interdito. A criança perde o direito a ser feliz
Brincando.
É nesta aceção que colocamos a necessidade de se reintroduzir o
Brincar no dia a dia das crianças, como "terapia" para trazer de
volta as suas competências mais genuínas, para a construção do seu
futuro.
Qualquer atividade que permita brincar, permitirá também uma
melhor comunicação, uma conexão ao pensamento, às ações
exploratórias que irão ajudar no desenvolvimento da criança a todos
os níveis.
A Escola como elemento constitutivo do triângulo: educação,
família e indivíduo, deve integrar o brincar no processo educativo,
como uma ferramenta para ganhar competências, como uma terapia para
diminuir os problemas de falta de concentração, de falta de
autonomia, de modo a potenciar a socialização, a imaginação e a
criatividade da criança.
Brincar é a melhor terapia para crianças e adultos. É essencial
independentemente da idade. Não podemos deixar que o brincar se
extinga… brincar faz parte da nossa cultura, faz parte do ser
humano. Talvez por isso o brincar seja essencial e terapêutico,
até. A componente lúdica tem de ganhar maior relevância; não
podemos deixar que se anule o tempo para brincar; não podemos
permitir que as tecnologias ocupem o tempo de brincar livremente, o
tempo fundamental da descoberta inerente à construção e ao
crescimento individual.
As instituições educativas e académicas (enquanto lugares da
reflexão e da investigação acerca dos conceitos) devem criar
espaços de brincoscience, para que a ciência do brincar seja
valorizada e para que o brincar seja de novo levado e ensinado às
crianças. Por que tudo se encontra ligado, uma vez que brincar
permite desenvolver competências, melhorar o bem-estar, melhorar a
saúde, física e mental, estabelecer regras e valores, aprender a
respeitar, a ouvir, a ser criativo e levar mais longe a sua
imaginação.
Nas escolas ou na natureza, em espaços amplos, com unidades móveis
ou fixas, onde as crianças, os jovens e os adultos (toda a
comunidade) podemos desenvolver a "ciência" do brincar. As
possibilidades são ilimitadas, desde a exploração de brinquedos, de
jogos livres, de jogos de tabuleiro e outros. Todos os espaços são
possíveis, mais convencionais ou mais alternativos, de socialização
ou de exploração individual, importa sobretudo proporcionar à
criança oportunidades de manusear, explorar, construir, inventar
materiais lúdicos. A atividade lúdica pode misturar-se com a
atividade educativa e pedagógica, e o brincar poderá fazer
interagir a criança com os seus familiares, os seus pais, as outras
crianças, toda a comunidade que o rodeia.
Promover a (re)descoberta do prazer da socialização, permitir às
crianças serem felizes, não fazer da agenda das crianças a cópia
dos condicionalismos dos adultos, irá colocar na ordem do dia o
respeito pelos Direitos das Crianças, o direito ao brincar, o
direito ao seu espaço, à sua liberdade, a ter asas para criar e
voar… SER FELIZ