Instituto Politécnico da Guarda
IPG abraça o distrito e reforça ligação às empresas
Joaquim Brigas, presidente do Instituto
Politécnico da Guarda, explica ao Ensino Magazine as apostas que
está a fazer para tornar a instituição mais competitiva, com a
perspetiva de qualificar e contribuir para o desenvolvimento da
região. Como exemplos, fala dos cursos que vão ser feitos em vários
concelhos do distrito, das ofertas formativas desenhadas em
parceria com as empresas. O presidente do IPG fala ainda da questão
do alojamento e da possibilidade de se disponibilizarem mais uma
centena camas na cidade da Guarda, através de uma parceria entre o
IPG, a Câmara e a Diocese. A internacionalização da instituição é
outro dos temas que Joaquim Brigas aborda nesta entrevista.
No Dia do Instituto Politécnico da Guarda focou um
conjunto de eixos que considerou estratégicos, casos de
crescimento, promoção do IPG, qualificação, emprego e
desenvolvimento do interior. São essas as grandes apostas da
instituição?
Sim, há a preocupação de cumprir o objetivo que está previsto na
criação dos institutos politécnicos, que é estes contribuírem para
o desenvolvimento das regiões em que estão inseridos. Só é possível
concretizar isto em estreita ligação com os vários atores no
território, caso das câmaras municipais, instituições particulares
de solidariedade social (IPSS), associações ou empresas. Não faz
sentido falar-se em promover o desenvolvimento da região e cumprir
a missão do politécnico na formação e requalificação de
quadros locais, ou falar na investigação e na transferência de
conhecimento, sem ser em estreita articulação com estes
atores.
Isso pressupõe ouvir esses atores e auscultar as suas
necessidades para a criação de ofertas formativas
novas?
No caso concreto da formação, e para dar respostas às necessidades
concretas de empresas, a ligação é ainda maior. Os cursos a
desenvolver - e já temos alguns finalizados e outros em
desenvolvimento - são criados com as empresas. Essas propostas vão
desde os CTESP às Pós-graduações, são cursos feitos por medida, em
que quadros das próprias empresas colaboram na sua lecionação,
sendo as práticas desenvolvidas em contexto empresarial. Deste
modo, contribuímos para desenvolvimento da região, dado que a
formação e a requalificação de recursos humanos feita pelo
Politécnico valoriza as empresas do nosso território.
E tem havido essa disponibilidade por parte das
empresas?
Tem havido uma boa aceitação para estas formações conjuntas,
desenhadas em parceria pelo IPG e pelas empresas. A postura do
Politécnico da Guarda, de estimular as empresas a contarem com o
IPG como parceiro para a requalificação dos seus recursos humanos
tem sido elogiada. O IPG precisa de alunos, de formar os seus
diplomados para o mercado, mas também precisa de conseguir que
esses alunos tenham emprego - e deseja que uma boa parte deles
consiga ficar na região. Estamos também a preparar a deslocalização
de alguma oferta formativa para alguns concelhos do distrito da
Guarda. Desta forma alguns dos alunos que concluem o secundário
poderão prosseguir os seus estudos para o ensino superior sem
saírem do seu concelho, o que beneficia as famílias de menos
recursos. Estamos a trabalhar com as autarquias para avançar já no
próximo ano letivo.
Ao nível de outras ofertas formativas, o que o Politécnico
da Guarda poderá apresentar de novo?
Vamos ter novas ofertas - cujas candidatura já foram submetidas
- nas áreas do desporto, da saúde e bem estar, da mecânica
automóvel e da proteção civil. Nesta última área de formação
lançámos, no Dia do Instituto Politécnico da Guarda, uma
pós-graduação em parceria com a Escola Nacional de Bombeiros. Agora
propusemos um CTESP em proteção civil.
Referiu a relação do Politécnico com as autarquias do
distrito. Tem sido positiva?
Há uma boa relação, não só com as autarquias, mas também com as
IPSS, com quem estamos a trabalhar no sentido de encontrarmos
respostas, tendo em conta as necessidades específicas destas
instituições.
No seu discurso abordou também a questão da qualificação do corpo
docente, referindo ainda que o Politécnico estava a contratar
professores…
O Politécnico está a crescer e isso leva-nos a fazermos
contratações de docentes, ao invés do que estava a acontecer
anteriormente, onde se verificaram despedimentos malconduzidos e em
que o IPG tem perdido processos em Tribunal, sendo obrigado a pagar
as indemnizações. No que respeita aos professores, sublinhe-se que
o IPG tem um corpo docente muito qualificado em termos de doutores,
há, no entanto, necessidade de aumentar, em determinadas áreas, a
quantidade de especialistas. Numa outra perspetiva, estamos a
apostar, fruto desta ligação com o território, em investigação mais
aplicada e direcionada a necessidades concretas, conjuntamente com
autarquias, associações e empresas, na qual a vertente tecnológica
tem sido um desafio muito interessante para o Politécnico.
A internacionalização é sempre um eixo importante de
desenvolvimento das instituições de ensino superior. Em que fase
está o IPG?
Estamos empenhados em aumentar a mobilidade de docentes e de
alunos. No caso dos professores ela já é considerável, mas no caso
dos estudantes estamos empenhados no seu aumento, nomeadamente
fazendo os estágios de final de curso noutros países. Tem aumentado
o número de estudantes estrangeiros em mobilidade para a Guarda,
mas queremos aumentar e melhorar a mobilidade atual.
E no que respeita à captação de estudantes
internacionais?
Continuamos a receber alunos dos países de língua oficial
portuguesa. Este ano tivemos um aumento de estudantes provenientes
do Brasil. Vamos continuar esta aposta, para aumentar o número de
alunos internacionais de várias partes do mundo e não apenas de
países africanos.
A vinda desses alunos internacionais tem obrigado a algum
reajustamento no funcionamento dos cursos?
Temos disponíveis aulas suplementares de português e de inglês
para todos os estudantes e, por vezes, aulas de apoio noutras
temáticas.
Ainda no domínio de parcerias, o Politécnico da Guarda tem
desenvolvido projetos comuns com outras
instituições?
Sim, temos feito esse trabalho com instituições e, inclusivamente,
com autarquias de outros distritos. Estamos envolvidos em alguns
projetos de relevo. No agroalimentar, por exemplo, estamos
envolvidos com o município de Idanha-a-Nova, em que estão também
outras instituições como os politécnicos de Castelo Branco, de
Viseu e a UBI. A nível internacional continuamos a estreitar
relações com instituições de ensino superior em várias geografias
do globo, sempre com o objetivo de promover a investigação, a
inovação e a mobilidade de docentes e estudantes. A nível
transfronteiriço estamos a estreitar relações com as universidades
de Salamanca e de Valladolid. Recentemente surgiu a possibilidade
de integrarmos, tal como os outros politécnicos da Região Centro, a
rede de cooperação CRUSOE, que pretende impulsionar o
desenvolvimento regional e a especialização inteligente do Sudoeste
da Europa. Será importante para a mobilidade de profissionais, para
a investigação e inovação. A nível nacional temos parceria com
centros de investigação bastante considerados, de que são exemplos
o centro de estudos da população, economia e sociedade (CEPESE/UP)
ou do Centro de Investigação em Sistemas Electromecatrónicos
(CISE/UBI).
A questão do alojamento preocupa muito as instituições de
ensino superior portuguesas. O Politécnico da Guarda está a
conseguir resolver esse problema?
O alojamento é uma necessidade central! Tal como outros
politécnicos, o IPG só poderá crescer se forem criadas condições de
acolhimento em ambiente de rendas controladas, por forma a que o
esforço das famílias seja menor e para que um maior número de
estudantes que concluem o ensino secundário possam vir para o
ensino superior. Com a deslocalização das formações para outros
concelhos, cujas câmaras municipais irão garantir condições de
alojamento, já possibilitamos que muitos alunos prossigam os seus
estudos. No caso concreto da Guarda, sensibilizámos a cidade para
falta de alojamento estudantil e, em colaboração com a Câmara e com
a Diocese, estamos em vias de conseguir acordo para
disponibilizarmos uma centena de camas no edifício do Centro
Apostólico. No caso dos privados, verifica-se que vão aparecendo
interessados em criar de raiz alojamentos vocacionados para alunos
do ensino superior.