Máquina processa 239 milhões de milhões de operações por segundo
Supercomputador mora em Évora
A
Universidade de Évora inaugurou, a 4 de fevereiro, o
Supercomputador OBLIVION. Um equipamento de ponta, com a maior
performance instalada no nosso país, que foi adquirido pela
Universidade de Évora. Esta máquina irá apoiar as atividades de
investigação e inovação, desenvolvidas em Portugal pela
infraestrutura de investigação ENGAGE SKA -"Enabling Green
E-science for the SKA Research Infrastructure" e enquadradas no
âmbito do design, da prototipagem e operação do radiotelescópio
Square Kilometre Array (SKA) e dos seus eventuais percursores. Para
estas atividades do ENGAGE SKA estão reservados 50% do tempo de CPU
do OBLIVION, sendo os restantes 50% utilizados pela comunidade
científica e empresas no âmbito da Rede Nacional de Computação
Avançada (FCT/FCCN)". Instalado no Data Center da DECSIS, em Évora,
o OBLIVION "é capaz de processar 239 milhões de milhões de
operações por segundo (TFLOPS) com um custo energético
relativamente baixo" de acordo com Miguel Avillez, docente na
Universidade de Évora, astrofísico e coordenador do
supercomputador. Em termos práticos, revela Miguel Avillez, com
este supercomputador "podem-se resolver problemas grandes num
espaço de tempo muito curto". O docente universitário explica que a
sua utilização pode ser "aplicada a todas as áreas das ciências,
seja nas sociais e humanas, seja nas tecnologias, que requeiram
este tipo de recursos". O OBLIVION permite por um lado, tratar,
analisar e obter informações a partir de volumes massivos de dados,
mas também efetuar simulações numéricas em vários domínios da
ciência (por exemplo, a evolução do Universo, buracos negros,
formação e evolução de planetas, evolução do clima, desenho de
novos materiais ou medicamentos). Pode ainda ser utilizado no
desenvolvimento de cenários que envolvam a monitorização e
recuperação de incêndios, a otimização da utilização dos
transportes públicos e do tráfego, a melhoria da eficiência no
abastecimento energético via diversas fontes renováveis, fábricas
inteligentes ou agricultura de precisão. O supercomputador deverá
estar disponível para a comunidade científica e empresas em meados
de 2020. "Assim que esta máquina entrar no sistema, haverá muitos
interessados em utilizá-la pois é a mais moderna e a mais rápida
que existe no país", diz Miguel Avillez. O docente não tem
dúvidas que o supercomputador coloca a "Universidade de Évora no
grupo líder do país na área da supercomputação" com recursos deste
tipo e onde pontuam as Universidades de Coimbra e do Minho. Ana
Costa Freitas, reitora da Universidade, também sublinha a sua
importância quer para a própria instituição, quer para a comunidade
científica. O ENGAGE SKA (consórcio de sete instituições
portuguesas, liderado pelo Instituto de Telecomunicações (IT) de
Aveiro e integrando as Universidades de Évora, Aveiro, Porto e
Coimbra, o Instituto Politécnico de Beja e a Associação RAEGE
Açores) é a interface da comunidade científica nacional ao SKA, um
projeto global que, a uma escala sem precedentes, envolve
cientistas e engenheiros integrados em mais de 100 instituições de
21 países na preparação da construção do maior radiotelescópio do
mundo. O SKA irá abranger uma área com um milhão de metros
quadrados para a recolha de dados através de milhares de
radiotelescópios, o que exigirá avanços radicais no processamento
de dados, na velocidade de computação e na infraestrutura
tecnológica. Com um financiamento global na ordem dos 4 milhões de
Euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)
através do Programa COMPETE 2020, o ENGAGE SKA pretende responder
aos desafios do SKA, em linha com um dos eixos principais do
programa Portugal INCoDe.2030 (Iniciativa Nacional Competência
Digitais e.2030): a supercomputação.