Gente e Livros
Tom Rachman
«Winston está deitado por baixo da ventoinha de
teto, sem saber por onde começar. Todos os dias, no Cairo, a
notícia acontece. Mas onde? E quando? Liga o portátil e lê a
imprensa local na Internet, mas continua desorientado. E as
conferências de imprensa: como ter acesso? E onde é se obtêm
declarações oficiais? Passeia sem destino pelo bairro onde está
alojado, Zamalek, com a vaga esperança de que rebente uma bomba.
Não demasiado perto, claro, mas a uma distância que lhe permita
tirar notas em segurança. Chegaria à primeira página do jornal,
assinaria a sua primeira reportagem.
Mas nehuma bomba explode nesse dia.
Nem nos que se seguem. Winston verifica a todo o momento se recebeu
algum e-mail, antecipando uma missiva insultuosa de Menzies a
perguntar-lhe o que diabo anda ele a fazer. Em vez disso, encontra
o e-mail de uma outra pessoa que está a tentar agarrar o lugar de
colaborador no Cairo: Rich Snyder. Snyder anuncia a sua chegada
iminente e remata com a frase: «mal posso esperar por
conhecer-te!».
In Os Imperfeccionistas
Tom Rachman nasceu em 1974, em
Londres e cresceu em Vancouver, Canadá. Estudou Cinema na
Universidade de Toronto e fez um mestrado em Jornalismo na
Universidade de Colômbia, Nova Iorque. Começa por trabalhar como
editor na Associated Press (AP) em Nova Iorque assinando
reportagens sobre a Índia e o Sri Lanka. Como correspondente da AP
vai para Roma em 2002. De Roma parte para trabalhos de reportagem
no Japão, Sul da Coreia, Turquia e Egipto. Em 2006 exerce em
part-time a função de editor do Internacional Tribune em Paris, e
começa a escrever ficção. Os Imperfeccionistas (2010), o seu
romance de estreia é contado em 10 histórias. A acção do romance
decorre no ambiente de um jornal de língua inglesa, em Roma, e é um
retrato irónico do quotidiano das pessoas que ali trabalham. Os
Imperfeccionistas foi publicado em 12 línguas e conseguiu boas
críticas por parte da imprensa internacional. Tom Rachman vive
actualmente em Roma.
Os Imperfeccionistas.
É no dia-a-dia de um Jornal em Itália, quando a era digital
ganha terreno à imprensa tradicional, que se conhecem os
imperfeccionistas: enquanto Winston Cheung, o colaborador no Cairo,
espera por um atentado que possa ser notícia; o correspondente em
Paris, Lloyd Burko quer convecer o filho a revelar-lhe informações
secretas do Ministério dos Negócios estrangeiros francês; o
responsável pelos obituários Arthur Gopal está a braços com uma
tragédia pessoal; e a directora Katleen Solson enfrenta os
fantasmas do passado e as traições do marido.