Fado é Património Mundial e Imaterial da Cultura
Frei Hermano da Câmara assinala 50 anos de carreira
Ao longo dos anos, o fado (que Salazar detestava)
sempre esteve associado às mais variadas intenções. No final do
século XIX cantava simultaneamente as tristezas de um povo e os
valores da monarquia, foi burguês e anarquista, revolucionário e
conservador, foi vadio, castiço, marialva e muito mais, andou por
tabernas e pátios, evolui para casas próprias e hoje chegou aos
grandes palcos do mundo. Não estranhamos por isso que também tenha
sido litúrgico, subordinado aos ideais de Cristo e, neste género,
foi Frei Hermano da Câmara o seu mais conhecido representante.
O monge / cantor esteve no passado
dia 16 de dezembro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a celebrar
50 anos de carreira num concerto promovido pela Fundação AIS (Ajuda
à Igreja que Sofre) em solidariedade com os cristãos atualmente
perseguidos no norte do Iraque. Frei Hermano da Câmara, que nasceu
em Lisboa no mês de julho de 1933, filho de uma família
aristocrática, é um monge Benedito que "defende o apostolado
através da música para edificar a civilização do amor e promover a
cultura da paz".
Ao longo dos anos produziu entre
discos, Cd e DVD, vinte e uma gravações, entre elas diversos êxitos
populares como, por exemplo, O rapaz da camisola verde. Com a
interpretação do Fado da Despedida parecia que Hermano da Câmara
tinha partido e se iria dedicar exclusivamente à vida religiosa.
Voltou agora para celebrar 50 anos de carreira.