Investigação e internacionalização
Portalegre lidera ranking ibero-americano
O Instituto Politécnico de Portalegre
(IPP) lidera o ranking ibero-americano na área da cooperação
(investigação e de projetos conjuntos), disse ao Ensino Magazine,
Joaquim Mourato, presidente do IPP.
Este é o resultado de uma aposta
clara na investigação, numa estratégia que passou pela criação de
um centro interdisciplinar e inovação e investigação para todo o
instituto, com duas grandes áreas: energia e ambiente; e outra mais
social com a saúde. "É um trabalho que leva o seu tempo, mas que
nos dá dimensão e já está a dar resultados. No ranking
ibero-americano isso já se verifica, pois somos o primeiro
Politécnico do país no que respeita à cooperação internacional.
Isto é 52% dos projetos desenvolvidos pelos nossos investigadores
também envolvem investigadores de outros países".
A classificação obtida naquele
ranking foi bem recebida pela comunidade do instituto. Joaquim
Mourato recorda que "foi criado um encontro anual de investigação
no seio do Politécnico para ultrapassar a tal barreira do
desconhecimento, onde salientei este facto, o qual foi acolhido com
satisfação".
O presidente do IPP explica que
"que em 2009 tínhamos projetos mas muito individuais e pouco
identificados. A própria comunidade do Instituto não os conhecia,
para além disso eram muito individuais, não estavam focados em
áreas. E aquilo que foi feito passou por focar esses e outros
projetos em áreas concretas. A bioenergia e a biomassa é uma das
que começa a ter algum destaque, o que acontece porque houve a
preocupação de nos centrarmos em determinadas áreas. É impossível
chegarmos a todas as áreas, nem as grandes universidades o
conseguem fazer", refere.
Ainda na área da investigação,
Joaquim Mourato destaca o projeto Alimentação Saudável nas escolas
de Portalegre, o qual foi premiado num concurso nacional e reforça
aquilo que é o ensino politécnico. "Trata-se de um projeto de cariz
politécnico para a comunidade e que envolve toda a comunidade,
desde as escolas, os encarregados de educação, os centros de saúde,
e a Unidade Local de Saúde, entre outros parceiros", explica.
Joaquim Mourato adianta que dentro
de pouco tempo, a área da bioenergia terá um forte incremento, com
a implementação do projeto já aprovado, no InAlentejo, em 40% do
seu valor. "Estamos a falar de um milhão 765 mil euros, o qual
permitirá avançar com a obra que está prevista e adquirir os
equipamentos, já em 2013, para que em 2014 esteja em
funcionamento".
O presidente do IPP refere que "os
nossos docentes têm um papel importante e um trabalho interessante
em termos internacionais. Nós traçámos um caminho e sabemos qual é
o sentido da investigação no instituto. Estamos na altura de
avaliar este percurso e traçar novas metas. Agora a investigação e
a internacionalização são eixos estratégicos".
A questão da qualificação do corpo
docente é também classificada como fundamental: "esse foi um dos
quatro eixos em que assentei o meu mandato e que é decisivo para a
qualidade de ensino, para a acreditação e avaliação dos cursos,
para a investigação, ou para a qualidade da prestação de serviços.
Em suma é a base e o ponto de partida para termos uma verdadeira
instituição de ensino superior", explica Joaquim Mourato,
presidente da instituição.
Um responsável que recorda que
neste aspeto o Instituto implementou um conjunto de medidas para
apoiar os docentes neste processo de formação avançada. "Nem sempre
é fácil recrutar professores de outras regiões, sobretudo em
determinadas áreas, pelo que a nossa aposta foi dar as melhores
condições aos nossos docentes - desde apoio financeiro,
participação em congressos ou componente letiva, etc. Começámos com
13% do corpo docente doutorado, em 2009, hoje temos cerca de 35%,
se juntarmos este número aos especialistas, ficamos com perto de
50%. Este é um processo que em quatro anos não fica completo, mas
também sabemos que cerca de 1/3 dos nossos docentes estão em
doutoramento. Em 2014 teremos mais de 50%".
O presidente do IPP explica que a
aposta na qualificação do corpo docente é uma aposta ganha,
sobretudo pela adesão dos docentes. "Este é um caminho que fizemos
bem, mas que teremos que continuar a fazer", assegura.
E se na qualificação e investigação
foram dados passos importantes, ao nível da oferta formativa,
Joaquim Mourato revela que foram apresentadas à Agência de
Avaliação e Acreditação (A3ES) novas propostas. "A área da
engenharias teve uma menor procura, não só aqui como em todo o
país. No entanto, nós já sentíamos dificuldades, pelo que o
departamento preparou novas formações e uma estratégia de maior
especialização. Apresentámos três propostas, que a serem aprovadas
farão com que outros cursos não tenham vagas", explica.
Deste modo, o IPP apresentou cursos
de licenciatura de Biocombustíveis, Reabilitação Urbana, e de
Design Media interativos. "Houve aqui a intenção de arrepiarmos
caminho e de perceber que não temos capacidade de todos fazermos
tudo, mas cada um tem que encontrar o seu espaço. Foi isso que
procurámos fazer!".
A propósito da primeira avaliação
feita aos cursos pela A3ES, e dos excelentes resultados obtidos
pelos politécnicos, Joaquim Mourato revela que "eles só demonstram
que os Institutos fizeram o seu trabalho de casa, quando não
abriram cursos que não tinham condições para o fazer. Isto dá uma
segurança a toda a sociedade que aquilo que se faz nos politécnicos
tem muita qualidade. Os Institutos Politécnicos evoluíram muito
nessa matéria e adquiriram uma grande capacidade da adaptabilidade.
São instituições que percebem a realidade e atuam de forma
clara".
Apesar da qualidade dos cursos,
"reconhecida pela A3ES", ficaram muitas vagas por preencher nas
instituições do ensino superior do interior do país. Joaquim
Mourato considera que a questão da distribuição das vagas só não a
vê quem não quer. "Por isso, quando a comunicação social refere que
ficaram muitas vagas por preencher nas instituições do interior do
país, é uma realidade que deve ser dita. O diagnóstico está feito,
todos percebem a situação as regras básicas da economia funcionam -
quando a oferta é superior à procura é óbvio que as vagas ficarão
por preencher nalgumas instituições: Politécnicos e instituições do
Interior. Isto não está relacionado com a qualidade dos
politécnicos ou universidades. Está relacionado com o contexto de
cada região, com a baixa mobilidade do território português e com
as dificuldades económicas".
Joaquim Mourato sublinha que "há um
instrumento nas mãos da tutela, que é a definição da política de
vagas. Todos os anos o Ministério faz sair as vagas e é aí que deve
intervir. O Conselho Coordenador (CCISP) apresentou propostas nesse
sentido e algumas foram atendidas - não houve aumento das vagas -,
mas a oferta continua acima da procura. Voltaremos a apresentar, ao
nível do CCISP, propostas que não vão contra nenhuma instituição,
mas que podem equilibrar esta balança e a capacidade instalada, de
forma a garantir a equidade territorial e usufruir da capacidade
instalada nas instituições".
Medidas que no entender de Joaquim
Mourato são simples: "redução de alguns pontos percentuais de vagas
em todas as instituições; reduzir alguma pressão de sobrelotação
que existe em algumas universidades, o que implica mais
investimento, quando há outras instituições no interior, com
capacidade instalada, que sem se investir mais podem acolher mais
alunos. Por exemplo, o IPPortalegre poderia receber mais mil alunos
sem receber mais investimento, pois temos a nossa capacidade
instalada! Estas medidas são necessárias e permitem atuar sem
radicalismos e sem inviabilizar qualquer instituição".