Cursos superiores de dois anos com diploma, Politécnicos com dúvidas
As regras dos cursos superiores de curta duração
serão aprovadas quinta-feira em Conselho de Ministros mas os
politécnicos temem que o diploma tenha de ser alterado antes de
entrar em vigor, uma vez que existem questões "criticas".
As praxes académicas e os novos
cursos superiores foram os principais temas debatidos dia 3 de
fevereiro, no Palácio das Laranjeiras, onde estiveram reunidos o
secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, e os
representantes dos institutos politécnicos.
No final do encontro, o
presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores
Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, saudou a decisão de
"finalmente" ser aprovado em Conselho de Ministros o diploma que
vai definir as regras de funcionamento dos novos cursos superiores,
que terão a duração de apenas dois anos.
No entanto, Joaquim Mourato
lamentou a falta de informação sobre estes cursos que vão começar a
funcionar no próximo ano letivo nos politécnicos.
Neste momento, sabe-se que além
das licenciaturas, mestrados e doutoramentos, no próximo ano letivo
deverá haver a possibilidade de estudar para um novo grau
académico: o de Técnico Superior Profissional, que é uma "espécie
de meia licenciatura", exemplificou o secretário de estado.
Os novos cursos destinam-se a
jovens com mais de 18 anos que tenham terminado o secundário ou a
quem falte apenas uma disciplina para terminar o 12.º ano, disse
Ferreira Gomes, explicando que no caso de não terem o secundário
completo, os alunos podem fazer as disciplinas que faltam "ao longo
do 1.º ano" do curso superior.
Os cursos também vão implicar o
pagamento de uma propina anual, que será fixada pelos politécnicos.
Segundo Ferreira Gomes, o valor máximo da propina não poderá
ultrapassar o valor das licenciaturas "mas, provavelmente, será um
valor menor".
Para aceder aos novos cursos, os
alunos não terão de fazer exames nacionais mas sim uma prova local
no instituto onde pretendem ingressar.
"As empresas terão um papel
crucial que é dizer quais são as suas necessidades e depois acolher
estes jovens. Estes são cursos de dois anos. No primeiro ano é dada
formação geral. No 2.º tem um primeiro semestre de formação
profissionais e um segundo semestre é estágio numa empresa",
explicou o secretário de estado.
Para Joaquim Mourato, as
informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação e Ciência
(MEC) aos representantes dos politécnicos são apenas "um rascunho
do que vai ser apresentado em Conselho de Ministros", havendo ainda
questões por esclarecer.
"Existem algumas situações que
são criticas e que ainda temos dificuldade em perceber com
exatidão", criticou Joaquim Mourato referindo-se, nomeadamente, ao
financiamento dos cursos e à forma como estes cursos se irão
distinguir dos restantes cursos de especialização
tecnológica.
"Ainda não temos o conhecimento
completo de como se organiza, de como se faz a ligação ao ensino
superior, como é que são financiados, como é que convivem com os
cursos de especialização tecnológica. Estas questões estão por
esclarecer", alertou em declarações aos jornalistas.
Segundo Joaquim Mourato, depois
da aprovação do diploma em Conselho de Ministros haverá uma sessão
de trabalho com a secretaria de Estado para perceber como
implementar os novos cursos nos institutos politécnicos.
No entanto, defendeu, nessa
altura poderá ser tarde demais: "Provavelmente vamos estar a
discutir esse assunto com o documento aprovado o que é um enorme
risco. Se encontrarmos questões que não podem ser ultrapassadas,
provavelmente terá de ser alterado antes de ser implementado",
concluiu Mourato.
Confrontado com estas críticas, o
secretário de Estado sublinhou a qualidade do diploma: "O senhor
presidente do CCISP apresentou algumas preocupações que nós
partilhamos. É natural que haja algumas dúvidas, mas a legislação é
razoavelmente aberta para poder enquadrar algumas das preocupações
e vamos acompanhar a entrada em funcionamento desses cursos para
garantir o seu sucesso".
O secretário de Estado explicou
ainda que o financiamento dos cursos está previsto no quadro
comunitário de apoio através dos programas regionais
operacionais.