Editorial

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Por uma escola de qualidade

RUIVO2012.jpgEm toda a União Europeia se revelam evoluções significativas quanto ao conteúdo a dar ao termo "qualidade em educação" ou "qualidade da Escola".

Quase todos os sistemas educativos tentam desenvolver procedimentos de qualidade, promover a melhoria contínua de formação do seu corpo docente, fazer com que a educação e a formação sejam permanentes, isto é, ao longo da vida, bem com requalificar os gastos públicos com a educação, através de uma relação mais positiva entre custos e eficácia.

Este debate que se generalizou no seio dos sistemas educativos europeus, tem vindo a colocar no centro da controvérsia a evolução desejada para a educação e a formação, já que estes temas emergem da necessidade de promover, definir, avaliar e manter a qualidade da escola pública.

Porém, e infelizmente, quase sempre as propostas de mudança que nos são sugeridas têm uma base meramente economicista (muito em voga nestes tristes tempos de neoliberalismo desenfreado) e em nada ajudam a escola e os educadores a cumprir o seu pacto de missão para com a sociedade.

A procura dessa qualidade tem sido vista, nos primeiros anos da educação básica, como a tentativa de imprimir um novo ênfase à aquisição e controlo de competências básicas, em particular referentes a três disciplinas fundamentais: a leitura, a escrita e o cálculo. Por outro lado, tenta-se, nesse nível, generalizar a aprendizagem de uma língua estrangeira e incentivar a iniciação às tecnologias da informação.

Neste espírito, dentro e fora do sistema educativo institucional, professores e formadores desenvolvem experiências muito inovadoras e que podem resultar em saltos qualitativos significativos na educação formal.

Também para os adultos se desenvolvem acções inovadoras como as realizadas pelas Universidades Seniores ou da Terceira Idade, ou mesmo a Outdoor Education, desenvolvida entre os Britânicos na segunda metade dos anos noventa do passado século. No essencial, todas estas inovações propõem exercícios, ou práticas, que transformam os procedimentos e conteúdos da formação contínua tradicional, buscando muito mais a adaptação e reformulação de comportamentos num mundo em mudança exponencial, mais do que a aquisição de conhecimentos abstractos e desligados do quotidiano em que têm que aprender a viver essas crianças e esses adultos.

Todas estas experiências põem em evidência que, no seio dos velhos sistemas educativos europeus, ainda existe uma capacidade criativa real entre os professores e os educadores, os quais só esperam condições de tranquilidade profissional para os generalizar às suas práticas educativas.

Há entre professores e educadores mais forças de mudança do que de imobilismo e de estagnação.

As primeiras são incomensuravelmente mais fortes, e delas depende o futuro educativo dos nossos jovens.

Mas não é criando artificiais quadros de crise e afrontando o profissionalismo docente que a suposta qualidade total chegará às nossas escolas.

Que bem saibamos, não nos ocorre que se possam traçar cenários de futuro com o desencanto dos principais protagonistas da viagem.

João Ruivo
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico
ruivo@rvj.pt
 
 
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