Estudo da UTAD alerta pais
Os processos de
planeamento das cidades e políticas de promoção da vida saudável
revelam uma absoluta desconsideração pelas crianças, que estão cada
vez mais sujeitas a grandes perigos nos espaços urbanos. A
conclusão é de um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro (UTAD), realizado em colaboração com o Instituto da Criança
na Cidade, no âmbito do curso de mestrado em Arquitetura
Paisagista.
As ruas e avenidas são, por
norma, desenhadas para o automóvel e raramente permitem um acesso
atrativo e seguro entre casa e escola. A respeito da mobilidade e
interação social das crianças na cidade, a UTAD concluiu que o grau
de independência das crianças "é inexistente", e que a sua vivência
é "constantemente mediada pelos adultos", gerando "receios
relativamente à sua segurança pessoal e inibindo oportunidades para
a descoberta e para a experiência".
Segundo a arquiteta paisagista
Andreia Ramos, autora do estudo, "as crianças parecem conceber a
rua como o espaço do automóvel, e por isso, considera-se urgente
recentrar a rua nos peões e especificamente nas crianças, para os
casos dos percursos casa-escola". Recomenda ainda que haja "maior
empenho na educação e sensibilização da população para a
importância da mobilidade das crianças na cidade", até porque se
prova que "a grande maioria das crianças, se tivesse voz no momento
da tomada de decisão sobre o seu modo de deslocação, optaria pelos
modos suaves, uma escolha justificada pelo apreço pela
liberdade".